Plural: recuperação nos combustíveis em 2018
Da Redação, de Brasília (com apoio da Plural) —
O mercado de combustíveis no Brasil manteve, em 2018, a tendência de recuperação já registrada em 2017, após dois anos consecutivos de queda em 2015 e 2016. No ano passado, as vendas cresceram 0,3%, de acordo com dados apresentados no Anuário da Plural (Associação Nacional das Distribuidores de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência), lançado hoje. Os números ficaram abaixo do crescimento do PIB, que foi de 1,1%.
A greve dos caminhoneiros, ocorrida entre 21 e 31 de maio de 2018, afetou o consumo de combustíveis, em especial o da gasolina e do diesel. Até abril do ano passado, o mercado de diesel apresentava um crescimento acelerado de 4,2% em comparação com 2017. Com a paralisação, o mercado desabou 18,2% em maio, contribuindo para que o ano fechasse com um tímido crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior.
“Os efeitos da greve foram ainda mais severos para o mercado brasileiro de combustíveis, pois além da própria falta de suprimento dos produtos, também afetaram a economia brasileira no pós-greve,” explica Leonardo Gadotti, presidente-executivo da Plural, que lembra que o preço do diesel teve pouca relação com a situação dos caminhoneiros.
“O desequilíbrio no setor decorreu de incentivos ao financiamento de caminhões, os quais levaram ao crescimento da frota circulante a uma taxa superior ao crescimento médio do país, gerando sobrecapacidade no mercado e derrubando os fretes,” diz.
O ciclo Otto, que considera motores a etanol, gasolina e GNV, em equivalência energética da gasolina, sofreu queda de 2,6% em relação a 2017. Por outro lado, a venda de etanol hidratado teve um aumento expressivo, de 42,1%, atingindo 19,4 bilhões de litros comercializados em 2018. Os principais motivos que contribuíram para esse aumento foram o aumento dos preços da gasolina da Petrobras, em comparação com os preços do etanol hidratado no produtor, e a queda dos preços do açúcar no mercado internacional devido ao excesso de oferta provocada, principalmente, pela política de subsídios aos produtores de açúcar na Índia.
Combustíveis de aviação
Após três anos de queda, a demanda por combustíveis de aviação teve alta de 6,6%, chegando a 7,2 bilhões de litros. Destacam-se o crescimento expressivo na demanda do querosene de aviação (QAV) nos estados do Ceará (17,4%), Pernambuco (15,2%) e São Paulo (11,3%).
No Ceará, o crescimento é justificado por ajustes no ICMS do estado, por meio de acordos com as empresas aéreas para redução de alíquota progressiva com contrapartida de aumento do número de voos. A localidade foi escolhida pelas empresas Gol e Latam como hub de operações internacionais. Em Pernambuco, o aumento da demanda justificou-se, principalmente, pelo início dos voos internacionais da Azul a partir do aeroporto no Recife.
Já no estado de São Paulo, que corresponde a 44% do mercado brasileiro, o aumento ocorreu em função de migração de vôos do Rio de Janeiro e do aumento da demanda por passagens aéreas, que atraiu novos vôos e novas empresas a operar no Estado. Devido a essa migração, o Rio de Janeiro teve uma queda de 2,5% na sua demanda, em 2018, em relação ao ano de 2017.
Retomada em 2019
A Plural prevê que haverá crescimento do mercado de combustíveis neste ano, na comparação com 2018. A expectativa positiva se deve a uma previsão de retomada da economia brasileira neste ano, o que levaria a um crescimento no consumo de combustíveis.
Entretanto, Gadotti alerta que é necessário manter um ambiente de negócios que estimule a competitividade. “Com estabilidade regulatória, regras claras e previsíveis, e a prática de preços de mercados, o Brasil terá ambiente para atrair investimentos privados de até R$ 17 bilhões em melhorias de infraestrutura de importação e escoamento de combustíveis nos próximos anos.”
Fundado em 1941, o Sindicom, em 2018, evoluiu para se tornar uma associação – a Plural (Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência). Ela representa, em nível nacional, empresas como AirBP, Castrol, Catallini, Moove, Granel, Iconic Lubrificantes, Ipiranga, Petrobras Distribuidora, Petronas Lubrificantes, Prumo, YPF, Raízen, Shell Lubrificantes, Ultracargo e Total, responsáveis por aproximadamente 80% do volume de distribuição de combustíveis e de lubrificantes no Brasil.