Biomassa busca maior contratação
Da Redação, de Brasília (com apoio da Única) —
A baixa contratação da bioeletricidade nos leilões regulados foi um dos temas do painel “Entraves Regulatórios na Geração de Energia”, no seminário “Agro em Questão – Energias renováveis: tornando a agropecuária mais sustentável e econômica”, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O ano de 2018 foi o 3º pior em termos de contratação de novos projetos nos leilões regulados promovidos pelo Governo Federal desde a implantação do formato em 2005. No Leilão A-4 do ano passado, a biomassa cadastrou 28 projetos, somando 1.422 MW, e acabou comercializando a bioeletricidade de somente dois empreendimentos. No Leilão A-6 de 2018, a biomassa cadastrou 25 projetos totalizando 1.040 MW e, ao fim da disputa, vendeu energia também de apenas dois projetos.
“A fonte biomassa apresenta um enorme potencial ainda a ser aproveitado, mas tem dificuldade em viabilizar novos projetos de geração nos leilões regulados promovidos pelo Governo Federal”, explica o gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Zilmar de Souza.
Dois leilões de energia nova já foram agendados neste ano. O Leilão A-4/2019 será realizado em 28 de junho e a fonte biomassa cadastrou 1.039 MW, totalizando 19 projetos. A liderança no cadastramento do Leilão A-4/2019 coube à fonte fotovoltaica com 26.253 MW (751 projetos), seguida da eólica com 23.110 MW (751 projetos).
Já o Leilão A-6/2019 acontecerá em 26 de setembro. Nesse leilão, que ainda está recebendo projetos para cadastro, devem participar empreendimentos hidrelétricos, de geração eólica e solar fotovoltaica, e projetos de termoelétricas a biomassa, a carvão mineral nacional e a gás natural.
Para Zilmar, o setor da biomassa quer evitar a repetição da baixa contratação de novos projetos que foi em 2018. “O ambiente regulado é muito importante para a bioeletricidade e, se continuarmos fechando a porta para esta fonte, como daremos segurança e previsibilidade ao setor para estimular a estruturação de um número maior de projetos a cada leilão? A sistemática de leilão, que tem colocado a biomassa para competir diretamente com as não renováveis carvão e gás natural, precisa ser revista urgentemente”, comenta Souza.
No Leilão A-6 do ano passado, a energia eólica respondeu pela maior parte do volume contratado (50,3%), seguida das termelétricas a gás natural (40,3%), das pequenas hidrelétricas (PCH e CGH) com 9,4%, e, por último, a biomassa com apenas 1%. No A-6/2018, a biomassa concorreu no chamado Produto Disponibilidade, onde uma única térmica a gás natural levou mais de 97% da demanda alocada para aquele produto, deslocando os projetos de bioeletricidade.