Qual o futuro de Hermes Chipp?
Uma pergunta que se faz diariamente no Ministério de Minas e Energia, em Brasília, é a seguinte: qual é o futuro profissional de Hermes Chipp, o poderoso diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)? O seu terceiro mandato à frente do Operador termina no mês de abril. Há poucos dias, surgiu uma especulação dando conta que ao terminar o mandato ele trocaria de lugar com o atual secretário-executivo do MME, Luiz Eduardo Barata. Agora, começam a circular rumores dando conta que a presidente Dilma Rousseff estaria disposta a enfrentar o desgaste natural dessa decisão e poderia assinar uma segunda medida provisória, concedendo um quarto mandato a Chipp como diretor-geral do ONS.
Todos esses boatos têm lógica. Barata já foi diretor do ONS e nunca escondeu que gostaria de ser, um dia, diretor-geral. Além disso, ele não se importaria se pudesse trocar a vida burocrática de Brasília pela brisa do Rio de Janeiro. Quanto a Hermes Chipp, ocupar a Secretaria-Executiva do MME seria uma imensa honra e o coroamento natural de uma carreira reconhecida e aplaudida.
Agora, surge uma nova história, que seria um quarto mandato de Chipp à frente do ONS. Afinal, se ele já ganhou um terceiro, que não existia no Estatuto Social do ONS, por que razão não poderia ganhar um quarto? Tudo é possível.
Graduado em Engenharia Elétrica em 1971, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, imediatamente ele iniciou uma carreira de sucesso na Eletrobras, principalmente em áreas ligadas ao planejamento e à operação. Foi um dos principais executivos do antigo Grupo Coordenador para a Operação Interligada (GCOI), que depois deu origem ao ONS.
Quando o sistema foi profundamente modernizado nos anos 90, Hermes Chipp foi indicado, em 1998, para diretor de Operação do recém-criado ONS. Em novembro de 2005, sucedeu a Mário Santos, que havia ficado sete anos à frente do Operador. Cumpriu dois mandatos estatutários e ganhou um terceiro mandato, excepcionalmente, graças a uma medida provisória assinada pela presidente Dilma. Agora, uma segunda MP poderia estar em gestação para lastrear um quarto mandato para Chipp.
Hermes Chipp divide opiniões no setor elétrico. É admirado por muita gente, mas também é criticado por outros, que o consideram autoritário. Uma piada que costuma ser contada no setor elétrico é que o autoritarismo do regime militar acabou em 1985…menos no ONS. Mas existem aspectos em Chipp que ninguém contesta: é extremamente correto e competente. É considerado uma espécie de trator para trabalhar.
Talvez nenhum outro técnico no Brasil, hoje, conheça tanto a operação do setor elétrico quanto ele. Afinal fez carreira na Operação e está na diretoria do Operador há 18 anos. Já na condição de diretor-geral do ONS, houve momentos de intensa dificuldade hidrológica, em que o País só não foi para o racionamento porque Chipp e sua equipe souberam conduzir o sistema no fio da navalha, com enorme sangue frio e sem dar importância ao uso intensivo de térmicas, etc. Essa dívida o Governo do PT tem com Hermes Chipp.
Ele pessoalmente não se sente credor de nada e com modéstia costuma dizer que trabalha em equipe e que só cumpre a sua tarefa com responsabilidade. Mas se tem alguém no setor elétrico em que a Dona Dilma deposita total confiança essa pessoa chama-se Hermes Chipp. Essa é a razão da enorme curiosidade que existe em relação ao seu futuro profissional. Entretanto, existe um pequeno detalhe ao qual se deve prestar atenção: a questão de uma segunda MP ou não para Chipp esbarra apenas nas incertezas da História, face à enorme interrogação que existe quanto a duração do mandato da própria presidente, no qual já não se acredita muito.