Indiferente às fofocas, Bento discute Angra 3
Maurício Corrêa, de Brasília —
Indiferente às fofocas que rolam na Esplanada dos Ministérios com relação à sua eventual saída da equipe de Governo, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, segue a sua agenda de trabalho.
Brasília é uma cidade que vive de intrigas políticas. Uma delas — bastante criativa por sinal — indica que o presidente Jair Bolsonaro estaria costurando um acordo com a cúpula do MDB, através do qual o ministro Bento seria rifado e seu lugar voltaria a ser ocupado pelo partido, que nunca escondeu a vontade de voltar a mandar na Pasta.
Parece brincadeira, mas tem gente graúda na estrutura do próprio Governo que não esconde o interesse de entregar o MME ao MDB, sob o argumento que o atual ministro é pouco flexível e não é do ramo. Sabe-se lá o que isso significa, mas provavelmente é porque o ministro faz uma gestão séria e, ao contrário do MDB, pensa mais no País do que em eventuais interesses pessoais ou partidários.
Como compensação, o partido apoiaria a indicação de Eduardo Bolsonaro, no Senado, para ocupar a Embaixada do Brasil em Washington e também daria uma contribuição para evitar que o filho senador, Flávio Bolsonaro, tenha alguma dificuldade na Casa face às confusões em que se meteu quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Embora tenha sido eleito com uma plataforma que dizia não a esses negociações da velha política, já está mais do que claro que o presidente Bolsonaro é um político como os demais. Diante das circunstâncias do mundo político, faz as suas contas e vê o que é o melhor para ele ou seus filhos. Se tiver que rifar o ministro Moro, ele rifa. Se tiver que rifar a Lava Jato, é com ele mesmo. Se tiver que rifar o ministro Bento, então, provavelmente vai rifar.
O fato é que Bento Albuquerque continua trabalhando normalmente como se o mundo não estivesse pegando fogo a sua volta. Nesta segunda-feira, por exemplo, ele estará representando o Brasil, em Viena, na cerimônia de abertura da 63ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica. Fará um pronunciamento em nome do Brasil.
Na agenda paralela ao evento, terá dois compromissos que estão relacionados com a construção da usina Angra 3. Além de se encontrar com representantes da indústria nuclear dos Estados Unidos (e com o próprio secretário de Energia norte-americano, Ricky Perry), o ministro brasileiro vai se reunir com o diretor-geral adjunto para o Desenvolvimento Corporativo e Negócios Internacionais da empresa russa Rosatom, Kirill Komarov.
A Rosatom nunca escondeu o seu interesse em participar das obras de conclusão de Angra 3 e, eventualmente, da expansão da indústria nuclear brasileira. E a finalização das obras de Angra 3 é uma prioridade para o ministro Bento.