Petrobras bate recorde mensal de produção
Com o auxílio do ramp-up de novas plataformas, a Petrobras conseguiu bater novos recordes de produção diários, deixando para trás as dificuldades enfrentadas no trimestre anterior em algumas áreas de produção e reforçando sua perspectiva para 2019
Segundo a estatal, em relatório divulgado nesta quinta, sua produção atingiu novo recorde mensal de 3 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), além de um novo recorde diário de 3,1 milhões de boed alcançados no mês de agosto. “Já a produção operada atingiu o recorde mensal de 3,7 milhões de boed no mesmo mês”, apontou.
Segundo a empresa, com o resultado, ela mantém sua trajetória “para o cumprimento da meta de produção anual, em 2,7 milhões de boed, com variação de 2,5% para mais ou para menos”.
A empresa destacou o desempenho de FPSOs como a de Campos dos Goytacazes em Tartaruga Verde, no pós-sal, em que conseguiram alcançar 555 mil de bpd, aumento de 48% em relação ao trimestre imediatamente anterior, com a entrada em operação de nove poços produtores. “Vale ainda destacar que as plataformas P-69 e P-76, nos campos de Lula e Búzios, atingiram a capacidade de produção de 150 Mbpd com ramp-up de 10,3 e 7,7 meses (tempo recorde no pré-sal), respectivamente”, apontou a empresa.
No segundo trimestre deste ano, a estatal se viu obrigada a cortar em 3,6% suas projeções de produção para o ano, sobretudo por causa de dificuldades enfrentadas no mês de junho com a estabilização das plantas de gás dos novos sistemas de produção de Búzios, devido a sua maior complexidade, o que elevou o tempo de comissionamento das plantas de gás. As dificuldades, entretanto, foram contornadas desde então, colaborando com o avanço nos números.
Análise
Com a entrada de novas plataformas no pré-sal, a Petrobras conseguiu bater novos recordes diários de produção no terceiro trimestre, deixando para trás dificuldades enfrentadas no trimestre anterior. De julho a setembro, foram extraídos 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d, que inclui petróleo e gás) no Brasil. No período, teve destaque o mês de agosto, quando a produção atingiu nível recorde, de 3,1 milhões de boe/d. A projeção é que a empresa alcançará a meta do ano, de 2,7 milhões de boe/d.
A maior parte do volume produzido no período saiu da região de águas ultraprofundas do pré-sal, que já responde por 60,4% do resultado da empresa. “Ao longo da nossa trajetória, temos sido desafiados a produzir em lâminas d´água cada vez mais profundas, atualmente superiores a 2.100 metros e a 300 km da costa”, destacou a Petrobras no relatório divulgado nesta sexta-feira, 18.
“A Petrobras está atravessando um momento muito positivo com relação ao seu desempenho operacional. Isto é muito bom para todo o setor de óleo e gás do País porque aumenta a confiança no potencial de crescimento do setor”, disse Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ.
Ele destaca ainda que o “bom desempenho operacional é uma dimensão fundamental para a recuperação da empresa”, que entrou em crise em 2014, após o preço da commodity despencar no mercado internacional e ainda ser alvo da Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção envolvendo a companhia.
Almeida afirma ainda que o desempenho operacional da companhia petroleira deve ser revertido em resultado financeiro no terceiro trimestre.
Para o diretor e sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, nenhum outro setor possui tanta capacidade de gerar emprego e renda no Brasil como o de petróleo e gás natural.
Além do crescimento no pré-sal, ele destacou a utilização das refinarias pela Petrobras, que passou de 76% para 80% do segundo para o terceiro trimestre. Com isso, caíram as importações. “Desde a administração de Pedro Parente, a Petrobras vem buscando um ponto ótimo no refino. Dessa vez, optou por ampliar a produção interna, o que deve ter contribuído para reduzir os custos”, afirmou Pires.
Ele ainda chama atenção para o fato de que, na comparação com igual trimestre do ano passado, houve queda do comércio dos principais derivados. As vendas de gasolina passaram de 387 mil barris por dia (bpd) para 377 mil bpd, no período, e as de diesel, de 843 mil bpd para 770 mil bpd. Isso ocorreu por conta do encolhimento do mercado consumidor interno, que acompanha o ritmo da economia.
Sem ter como escoar internamente, a Petrobras optou por exportar petróleo e derivados. O volume vendido ao exterior passou de 322 mil bpd para 583 mil bpd, alta de 81,1%. “Falta investimento no refino, o que faz com que a capacidade de produção de combustíveis seja limitada. Por isso a tendência, cada vez mais, é que o País se torne exportador de petróleo e comprador de derivados”, disse Adriano.
Já Maurício Canedo, especialista da Fundação Getulio Vargas (FGV), ressalta que o desempenho da estatal comprova a aposta correta da empresa no pré-sal, que definitivamente ocupou a posição de fronteira de crescimento da produção, enquanto os campos de pós-sal se mantêm estagnados. “A rigor, a meta anual (de 2,7 milhões de boe/d) está garantida, com possibilidade de pequenas variações para cima ou para baixo”, afirmou.