Os ministros e a rapadura
Chega a ser patética a forma como seis ministros do PMDB se apegam ao cargo, mesmo depois que o partido tomou uma decisão soberana de desligar-se formalmente da coalizão de apoio ao Governo.
A questão é simples de ser compreendida. Havia uma coalizão de suporte partidário ao Governo, que, entre outros, também era integrada pelo PMDB. Por razões que interessam apenas ao PMDB, este organizou uma assembleia e esta determinou que o Diretório Nacional deveria se manifestar a respeito do eventual desligamento da base partidária governista, o que foi feito.
Ora, como ocorre em qualquer democracia, seja em regimes presidencialistas ou parlamentaristas, as bases partidárias são montadas, desfeitas e remontadas. Faz parte do jogo democrático. Quando um partido deixa a base, é natural que os ministros entreguem os cargos, peguem o boné e passem à oposição. Funciona assim, com toda essa simplicidade. Menos no Brasil.
Aqui, ministros indicados pelo PMDB — que já não está mais no Governo — não querem largar a rapadura de jeito nenhum, como se diz no interior de Minas. E querem continuar ministros, por mais estranho e fisiológico que isto possa parecer.
Talvez até possam, desde que obviamente deixem o PMDB e passem a representar outros partidos na constelação ministerial. Mas, não. Querem continuar ministros do PMDB.
Isso dá uma ideia da pobreza mental que envolve boa parte dos políticos brasileiros. Um dos seis ministros praticamente abdicou da função e há dias delega ao secretário-executivo a tarefa de tratar de todos os assuntos técnicos de sua pasta. Sua agenda diz apenas que tem “assuntos internos” para resolver e ele está claramente dando uma de “morto”, para ver se lá na frente a coisa fica mais clara e ele possa manter o tão precioso título de ministro.
“Assuntos internos” quer dizer o seguinte: está ministro, mas gostaria muito de continuar ministro, isto é, se a presidente Dilma não fizer muita questão de ligar para um pequeno detalhe chamado PMDB.
Ninguém sabe como essa história vai terminar. Mas com certeza tem ministro do PMDB rezando para que não aconteça com ele o que atingiu o colega George Hilton, dos Esportes. Quando o PRB desligou-se da base governista, Hilton trocou imediatamente o PRB pelo Pros, para permanecer ministro. Como a política é uma coisa meio cruel, em seguida ele foi descartado e trocado por Ricardo Leyser, do PC do B.