Belo Monte entra em operação comercial total
Maurício Corrêa, de Brasília —
Nove anos depois da realização do leilão e R$ 50 bilhões depois de investimentos feitos na obra, será oficialmente inaugurado, no próximo dia 27 de novembro, um dos maiores projetos de engenharia do mundo, correspondente à maior usina hidrelétrica 100% brasileira: a UHE Belo Monte, no rio Xingu.
Nesta terça-feira, 19 de novembro, na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foi assinado o despacho que libera para operação comercial a 18ª e última turbina da casa de força principal da hidrelétrica. A partir de agora, Belo Monte passa a operar na plenitude da sua enorme capacidade instalada de 11,2 mil MW.
A festa está sendo organizada para ocorrer no sítio da UHE, no Pará, na próxima semana, provavelmente com a presença do presidente Jair Bolsonaro. Na Aneel, em uma cerimônia bastante simples, os principais agentes que permitiram a viabilização do projeto comemoraram a entrada da 18ª máquina em operação.
“É uma história muito positiva de união da sociedade brasileira”, afirmou, emocionado, o presidente da holding estatal Eletrobras, Wilson Ferreira Junior. De fato, foram superadas muitas dificuldades, não apenas financeiras ou de engenharia, mas, também, institucionais, enfrentando enorme oposição de religiosos, indígenas e políticos, todas desaguando em grande quantidade de espaços negativos através da mídia.
Ele lembrou que está no cargo há três anos e que começou a se preocupar com Belo Monte quando a Eletrobras estava quebrada e sem recursos. “Tivemos que costurar com os investidores. A Chesf sequer tinha dinheiro para pagar a sua própria folha de pagamentos”, ressalvou Ferreira Junior, para enfatizar o quadro dramático em que foram conduzidos os últimos três anos da obra. “Foi muito difícil colocar dinheiro (em Belo Monte)”, destacou.
Wilson Ferreira Junior não exagerou. De fato, a obra foi dimensionada quando a realidade brasileira era uma e, depois, a situação degringolou com a monumental crise econômica pós-2015. Ele garantiu que a apólice de seguro da UHE, que está sendo negociada, é a maior da modalidade em todo o Brasil. “É uma obra grandiosa”, frisou.
O presidente executivo da Norte Energia, a dona de Belo Monte, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, também não economizou nas palavras. Técnico que fez carreira no Sistema Eletrobras e que ainda teve a oportunidade, quando jovem, de conhecer o “Brasil Grande” da época dos governos militares, quando foram feitos muitos investimentos na infra-estrutura de energia elétrica, Ribeiro Pinto afirmou que a entrada em operação da 18ª turbina era apenas um momento simbólico. “Estamos colocando a usina plenamente em operação. Só tenho a agradecer”, disse.
Segundo a secretária-executiva do MME, Marizete Pereira, que representou o ministro Bento Albuquerque, a entrada em operação total da UHE Belo Monte é uma prova que o Brasil, como País, tem condições de entregar obras com essa magnitude, enfrentando enorme quantidade de desafios, não apenas na área de engenharia, mas, também, no campo financeiro.
“É um momento de orgulho e muita alegria. De grande emoção”, disse o anfitrião, André Pepitone, diretor-geral da Aneel. Ele lembrou que o estudo do inventário do rio Xingu começou em 1975 e que muitos contribuíram para que o projeto se transformasse em realidade. “Estamos falando da quarta maior usina hidrelétrica do mundo”, disse Pepitone.
Ele citou que a imponência do projeto se revela na construção de 16 km de canal. A quantidade de terra escavada corresponde ao canal do Panamá. No total foram utilizados 3 milhões de metros cúbicos de concreto, o que permitiria a construção de 38 estádios do tamanho do Maracanã. Agora, totalmente concluída, a UHE Belo Monte poderá atender a cerca de 60 milhões consumidores, o que significa algo parecido com a população da Itália. “Belo Monte prova que os sonhos podem ser realizados”, afirmou Pepitone.