AIE prevê demanda menor por petróleo
A demanda global por petróleo vai encolher neste trimestre pela primeira vez em mais de uma década, em função do impacto da epidemia de coronavírus, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Em relatório mensal divulgado nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, a AIE reduziu sua previsão de alta na demanda mundial por petróleo em 2020 em 365 mil barris por dia (bpd), para 825 mil bpd. A agência também alertou que haverá uma queda anual na demanda de 435 mil bpd no primeiro trimestre, que marcará o primeiro recuo trimestral em mais de dez anos.
O corte na projeção da AIE foi bem maior do que o anunciado ontem pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que reduziu sua estimativa em 230 mil bpd.
“As consequências (do coronavírus) para a demanda global por petróleo serão significativas”, afirmou a AIE em seu relatório, citando uma forte desaceleração do consumo de petróleo pela China, assim como de sua economia.
A AIE, que tem sede em Paris, calcula que a China respondeu por mais de três quartos do crescimento na demanda global por petróleo em 2019 e que seu consumo mais do que dobrou desde a epidemia de Sars ocorrida em 2003. “Há pouca dúvida de que (o novo coronavírus) terá um impacto maior na economia e na demanda por petróleo do que a Sars teve”, diz a agência.
Ainda no relatório, a AIE apontou uma queda de 800 mil bpd na oferta de petróleo global em janeiro, sendo que a Opep teria sido responsável por 710 mil bpd do total. Em dezembro, a Opep e aliados – que incluem a Rússia – concordaram em aprofundar cortes na produção conjunta em 500 mil bpd, para 1,7 milhão de bpd, até o fim de março.
Apenas os Emirados Árabes Unidos foram responsáveis por 300 mil bpd da redução na oferta da Opep, de acordo com a AIE. Já a Arábia Saudita, líder informal da Opep, ampliou sua produção em 70 mil bpd no mês passado, a 9,72 milhões de bpd.
A AIE também manteve sua projeção de aumento na oferta fora da Opep este ano, em 2,1 milhão de bpd. A agência prevê que o avanço da produção dos EUA irá desacelerar, o que deverá ser parcialmente compensado por aumentos na oferta de Brasil, Noruega, Canadá e Guiana.