Em Brasília, diz-se que Limp vai além da SEE
Maurício Corrêa, de Brasília —
O setor elétrico se agitou, nesta sexta-feira, 14 de fevereiro, com a informação dando conta que o diretor Rodrigo Limp, da Aneel, aceitou o convite para ocupar a vaga de Ricardo Cyrino na Secretaria de Energia Elétrica do MME. Há meses se falava na ida de Limp para o MME.
Algumas circunstâncias envolvem essa troca, que não é muito comum. Afinal, não é todo dia que aparece um técnico disposto a trocar dois anos de mandato garantido na Aneel por um cargo de confiança no MME do qual poderá ser demitido a qualquer momento.
Só que a Rádio Corredor, sem a qual Brasília não seria nada, já sinalizou que Limp talvez não pare na Secretaria de Energia Elétrica. A sua ida para o MME envolveria, mais tarde, uma operação complexa. Segundo as histórias que rolam nos bastidores de Brasília, Limp poderá, em poucas semanas, substituir Marisete Dadald, que deixaria a Secretaria-Executiva para ocupar uma vaga no Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo.
Tem lógica. Marisete conhece bem o funcionamento da máquina burocrática do MME, mas é uma técnica originária da área contábil. Teria limitações em relação ao conhecimento técnico que se exige para a função. O ministro, há muito tempo, já teria percebido que a sua escolha original, no início da gestão, não teria sido das mais felizes e estaria com vontade de se descartar da atual secretária-executiva há muito tempo. Mas queria fazer isto com certa elegância.
Quanto a Limp, está politicamente queimado na Aneel, face à negociação envolvendo a Resolução 482, que trata da geração distribuída. Como detém um mandato homologado pelo Senado até maio de 2022, só pode deixar a Aneel por vontade própria. Com grande experiência no campo técnico, pode ser o auxiliar que o ministro Bento Albuquerque precisa encaixar na estrutura do MME.
Nesse raciocínio, ambos estariam sendo escanteados para cima: Marisete na CCEE, onde contará com belíssima remuneração mensal; e Limp no MME, onde ficará livre das pressões a respeito da geração distribuída, que inclusive lhe valeram uma ameaça de morte na agência reguladora. E onde será o número dois da Pasta e até substituto eventual do próprio ministro.
Especialistas no mundo de Brasília estão fazendo todas estas contas.