Petrobras tem prejuízo de R$ 2,71 bi no 2º tri
A empresa conseguiu reduzir o prejuízo principalmente “devido à ausência de impairments no trimestre e ao ganho proveniente da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins após decisão judicial favorável, que teve um efeito de R$ 10,9 bilhões no resultado”, disse a empresa.
Excluindo esses fatores, o resultado teria sido pior por causa da Covid-19 e seus impactos na operação, que prejudicaram os preços, margens e volumes. Neste cenário, a empresa teria apresentado prejuízo de R$ 13,7 bilhões.
No trimestre, o item não recorrente que se destacou foi a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins após ganho judicial, com impacto positivo de R$ 7,2 bilhões no Ebitda Ajustado e de R$ 10,9 bilhões no lucro líquido.
O Ebitda Ajustado caiu 33% na comparação trimestral e 23,5% na comparação anual, para R$ 24,98 bilhões. Segundo a empresa, o movimento foi influenciado pela queda do petróleo tipo Brent em reais, a alta volatilidade do mercado de óleo e gás e a contração da demanda global, que levou à redução nas margens de óleo e derivados. “O volume de vendas também foi impactado negativamente”.
“Também tivemos maiores despesas operacionais relacionadas a hedge e implementação dos planos de demissão voluntária. Esses fatores foram parcialmente compensados pelo ganho com a equalização relativa aos AIPs da área de Tupi e dos campos de Sépia e Atapu e por menores gastos gerais e administrativos”, disse.
A receita de vendas no período foi de R$ 50,89 bilhões, queda de 29,9% na comparação anual, e de 32,6% na comparação trimestral. Segundo a empresa, o resultado veio com a pandemia e o colapso dos preços do petróleo resultantes das negociações da a OPEC+.
A dívida líquida da Petrobras no segundo trimestre de 2020 caiu 14,9% na comparação com igual período de 2019, para US$ 71,22 bilhões. Os números foram divulgados pela companhia nesta quinta-feira, 30, em balanço enviado à CVM. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a dívida líquida caiu 2,6%.
A empresa explicou que a pandemia, “evento sem precedentes” e que teve forte efeito sobre os preços do petróleo e a atividade econômica, forçou o grupo a tomar medidas conservadores para preservar a posição de caixa. Com isso, a dívida bruta aumentou 2,2% devido ao aumento em financiamentos, para US$ 91,2 bilhões. Apesar do cenário, o custo médio da dívida permaneceu estável em 5,6% em 30 de junho de 2020. A relação dívida líquida/Ebitda ajustado também aumentou, de 2,15 vezes no trimestre anterior para 2,34 vezes no segundo trimestre deste ano.
“No dia 27 de julho de 2020 a companhia realizou o pré-pagamento parcial de suas linhas de crédito compromissadas (Revolving Credit Lines), no montante de US$ 3,5 bilhões. Esses recursos ficarão disponíveis para novos saques, em caso de necessidade”, acrescentou a empresa.
Meta
A empresa destacou que, apesar da crise, a desalavancagem ainda é prioridade. “Em abril, o Conselho de Administração aprovou a revisão das principais métricas incluídas no Plano Estratégico 2020-2024 e o indicador de dívida líquida/Ebitda foi substituído pelo indicador de dívida bruta. A meta para 2020 continua sendo US$ 87 bilhões, o mesmo nível do final de 2019”, explicou. A empresa disse que continua buscando a redução da dívida bruta para US$ 60 bilhões, em linha com sua política de dividendos.
O programa de desinvestimentos da Petrobras “vai bem”, apesar da recessão global, segundo o presidente da estatal, Roberto Castello Branco. Em 2020, a empresa já lançou 20 processos de vendas de ativos e as vendas concluídas até agora geraram US$ 1 bilhão em entradas de caixa para a Petrobras, informou.
Ele disse esperar que nos próximos meses, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprove a venda da Liquigás, empresa de distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), assim como concluir a venda da primeira refinaria da companhia, a Rlam, na Bahia.
“No momento, estamos discutindo com a empresa que submeteu a melhor proposta para a Rlam os detalhes finais para formalização de um acordo de compra e venda”, disse Castello Branco no balanço do segundo trimestre.
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou em Mensagem do Presidente que acompanha o balanço referente ao segundo trimestre da estatal, que o choque de liquidez decorrente da queda do preço de petróleo no período “exerce um efeito similar ao de uma ataque cardíaco”.
Segundo o executivo, o preço da commodity saiu de um patamar de US$ 65 por barril em fevereiro para US$ 19/b em abril, devido à contração de 25% da demanda global, “ameaçando uma parada súbita nos fluxos de caixa”.
“Face à profunda incerteza, a perspectiva de queima contínua de caixa era demasiadamente real”, destacou na mensagem.
A Petrobras informou hoje que registrou no segundo trimestre um prejuízo de R$ 2,7 bilhões, depois de um prejuízo de R$ 48 bilhões no primeiro trimestre por conta de uma baixa contábil de ativos. O resultado elevou o prejuízo no primeiro semestre para R$ 51 bilhões, contra lucro de R$ 22 bilhões no mesmo período de 2019.