Reive Barros pede demissão do MME
Maurício Corrêa, de Brasília —
O engenheiro eletricista Reive Barros dos Santos despediu-se formalmente da equipe do Ministério de Minas e Energia, por videoconferência, nesta quarta-feira, 02 de setembro. Desde janeiro do ano passado ele era o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME e o seu pedido de demissão ocorreu por “razões particulares”.
“Sempre trabalhei em um ambiente de grande harmonia com o ministro Bento Albuquerque, com o qual pude desenvolver fortes relações de confiança. O ministro é um servidor público extremamente elegante e sempre demonstrou enorme consideração pelas propostas que eventualmente lhe encaminhei”, disse Reive Barros ao site “Paranoá Energia”.
Aos 68 anos de idade e tendo passado por organizações relevantes do setor elétrico brasileiro, como a Chesf, a Aneel e a EPE, entre outras funções, tendo presidido esta última, Reive afirmou que a pandemia do Covid-19 contribuiu bastante para que tomasse a decisão de sair do MME.
“Nos três meses iniciais da pandemia, fiquei no esquema de home office, mas depois houve uma flexibilização. Mas a minha família sempre permaneceu em Recife e eu fiquei na ponte aérea, mas numa situação muito peculiar quando estava em Brasília, pois ficava sempre muito sozinho, sem contar a experiência de viver em um hotel praticamente como único hóspede. Achei melhor voltar para Pernambuco e viver ao lado da família”, esclareceu.
“Eu já estava há 10 anos vivendo fora de Recife e na minha idade isso acaba pesando”, frisou. “O ambiente de trabalho no MME era muito bom, muito positivo, de alto nível, mas as condições de vida em Brasília eram precárias. Optei por ficar perto da família”, disse com convicção.
Ele lamentou que não conseguiu finalizar o projeto de modernização do setor elétrico brasileiro, vendo a sua aprovação no Congresso Nacional. No seu entendimento, embora assuma a responsabilidade, o processo de decisão na área pública às vezes é meio lento, o que acaba gerando alguma incompreensão.
“Mas no setor público não tem jeito. Tudo tem que ser feito com transparência, ouvindo as partes e buscando harmonizar os interesses. Quando a decisão final depende do Congresso, é preciso um pouco mais de paciência, pois o processo democrático é assim mesmo e precisamos respeitar a velocidade do Poder Legislativo”, salientou Reive.
Formado pela Escola Politécnica de Pernambuco e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco, ele é especialista em Administração Estratégica. Muitos profissionais de Engenharia formados no seu Estado foram seus alunos e é possível que ele volte a dar aulas. Recebeu o convite de uma renomada instituição de ensino e agora vai pensar na proposta de novamente bater ponto na sala de aula.
Este site apurou que, provisoriamente, o lugar de Reive Barros deverá ser ocupado por Hélvio Guerra, o segundo na linha de comando da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME. Ocorre que Hélvio já foi designado para ocupar uma diretoria na Aneel, o que ainda não aconteceu pois o seu nome precisa ser aprovado pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal, que está em recesso devido à pandemia.
Dentro do MME, acredita-se que essa questão deverá ser resolvida nas próximas semanas e então o ministro Bento Albuquerque deverá designar outro nome para a função em caráter permanente.