CCEE estima redução no consumo de 2%
Da Redação, de Brasília (com apoio da CCEE) —
Seis meses após o início das medidas de isolamento social para combate à pandemia de Covid-19, o consumo de energia apresenta sinais estáveis de recuperação, com projeção de mais crescimento nos próximos meses, de acordo com o estudo recente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE. A perspectiva é que o Sistema Interligado Nacional – SIN encerre o ano com um volume consumido 2% menor do que o registrado em 2019.
Em relação à carga global do sistema, a estimativa é de uma redução de 2,3%. A leitura é mais otimista do que a divulgada em julho, quando houve a 2ª Revisão Quadrimestral para o Planejamento Anual da Operação Energética 2020/2024. Naquele momento, a CCEE, a Empresa de Pesquisa Energética – EPE e o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS previam uma retração de até 3% da carga neste ano.
Para o último trimestre de 2020, estima-se o retorno do consumo aos mesmos níveis de 2019. Em outubro, novembro e dezembro, a expectativa é que o volume de energia consumido fique entre 64,6 MW médios e 66,4 MW médios, valores muito próximos aos registrados nesses meses no ano passado.
“Os resultados de julho, agosto e setembro foram melhores do que inicialmente esperávamos, o que levou a essa melhora na projeção para o ano como um todo”, avalia Rui Altieri, Presidente do Conselho de Administração da CCEE. “Superado o período de maior retração na atividade econômica, esperamos uma média de crescimento de 3,9% ao ano até 2024”, projeta ele.
Para a análise do período compreendido entre setembro a dezembro, a CCEE utilizou como referência o comportamento da carga do sistema prevista no Programa Mensal da Operação Eletroenergética – PMO de outubro. Como premissa para o fator de perdas de transmissão da rede básica, foi considerada a Média entre janeiro e agosto deste ano, de 4,5%.
A média do consumo de eletricidade nos seis meses de distanciamento social no Sistema Interligado Nacional – SIN (entre 21/03 a 18/09) foi 4,5% abaixo do verificado no mesmo período em 2019. No mercado regulado, o consumo caiu 5,4% na mesma base de comparação e no mercado livre a queda foi de 2,5%.
Na análise realizada entre 01 e 18 de setembro, período que aliou altas temperaturas no centro-sul do país com o início do processo de retomada econômica, houve um aumento do consumo do SIN de 1,7% quando comparado a setembro de 2019. Se forem analisados os desempenhos nos diferentes ambientes de contratação, verifica-se queda de 1,2% no mercado cativo e alta de 8,4% no mercado livre. No entanto, ao se expurgar o efeito da migração e do crescimento do mercado livre, o mercado cativo eleva-se em 1% e o ACL em 3,6%.
Os resultados preliminares levam em conta o consumo total do mercado cativo (conhecido pela sigla ACR), em que o consumidor compra energia diretamente das distribuidoras, e do livre (ACL), que permite a escolha do fornecedor e a negociação de condições contratuais. Além disso, o estudo não calcula os dados de Roraima, único estado não interligado ao sistema elétrico nacional.
Ao se analisar o comportamento do consumo por ramo de atividades, expurgados os efeitos de migrações e o crescimento do mercado livre, os segmentos de veículos, serviços e têxteis foram os que apresentaram as quedas mais expressivas nos seis meses de isolamento, frente a igual período em 2019.
Apenas cinco setores (alimentício, saneamento, comércio, minerais não-metálicas e telecomunicações) apresentaram variação positiva durante o período de isolamento. Ao se considerar o expurgo do efeito da migração, apenas os ramos de saneamento e alimentícios apresentaram variação positiva. Esses fatores refletem aspectos observados durante a quarentena, como o uso mais intensivo de comércio online, a adoção do home office, mais demanda de internet e consumo de alimentos em domicílio, entre outros fatores.
Apenas quatro estados apresentaram alta no consumo de energia nos seis meses de quarentena, ante o mesmo período no ano passado (Pará, 5,5%; Amapá, 5,0%; Mato Grosso, 1,6%; e Maranhão, 1,5%). São Paulo, com o maior parque industrial do país, registrou queda de 6,3%. Na região Sudeste, Rio de Janeiro e Espírito Santo apresentaram resultados ainda piores, com quedas de 7,7% e 8,4%, respectivamente.
Quando a análise se volta para o período de 01 a 18 de setembro, o Rio Grande do Sul mantém-se como o estado com a maior queda de consumo, na comparação com o mesmo período no ano passado (-7%), enquanto o Amazonas é o que apresenta a maior alta (7%).