Pioneira do ML, Tradener migra para geração
Maurício Corrêa, de Cristalina (GO) —
O presidente da Tradener, Walfrido Avila, e seus colegas de diretoria não conseguiam esconder a alegria nesta quarta-feira, 11 de novembro. Participavam da inauguração da PCH Tamboril, de 15,8 MW, no rio São Bartolomeu, no município goiano de Cristalina, e, através do discurso da secretaria estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, receberam as licenças para construir mais três usinas no mesmo rio: Gameleira, de 14 MW, São Bartolomeu, de 12 MW, e Salgado, de 16 MW. Como se isso não fosse suficiente, nesta semana começou a operar o segundo parque eólico da Tradener, localizado na Bahia, com uma capacidade de geração 3 vezes superior à PCH Tamboril.
A Tamboril custou cerca de R$ 120 milhões e conta com duas turbinas Voith. O projeto foi financiado pelo Banco Itaú. Avila destacou a nova dinâmica de obtenção das licenças ambientais em Goiás, mas, no seu discurso, não se esqueceu da rapidez da Aneel para que a Tradener pudesse operar a usina. “A Aneel deu a licença de operação no mesmo dia em que foi solicitada”, comemorou.
Primeira comercializadora autorizada a funcionar no Brasil, a paranaense Tradener migrou aos poucos para o segmento da geração, sem esquecer as operações que fizeram dela uma das maiores comercializadoras brasileiras, com mais de 70 milhões de MWh negociados ao longo da sua história e participação efetiva em mais de 500 leilões de compra e venda de energia elétrica. Além de inaugurar o ambiente livre no Brasil, a Tradener também foi pioneira na importação e exportação de energia para o Uruguai e Argentina.
Na área de PCH´s, a Tradener tem duas usinas em operação, somando 25 MW. As PCH´s Salgado, São Bartolomeu e Gameleira começarão a ser construídas a partir de agora, totalizando mais 42 MW. Deverão custar cerca de R$ 400 milhões. Outras duas PCH´s, totalizando 60 MW, estão com os projetos em fase de desenvolvimento.
A comercializadora Tradener tem investido fortemente em energia eólica. Tem dois parques em operação, com 84 MW, e uma participação de 49% em um projeto já concluído, de 26 MW. Em fase de desenvolvimento, a empresa conta com três parques eólicos, somando 380 MW. A Tradener também na fase de projeto conta com duas geradoras térmicas no seu portfólio, de 7,4 MW cada.
Walfrido Avila foi um dos pioneiros entre especialistas do setor elétrico que, em meados dos anos 90, perceberam que haveria espaço para surgimento de empresas privadas no até então rígido modelo estatal brasileiro. Trocou uma bem-sucedida carreira de engenheiro na paranaense Copel pelas incertezas do nascente mercado livre de energia elétrica. Colocou uma pasta debaixo do braço e foi à luta, tornando-se em 1999 o signatário do primeiro contrato com um consumidor livre, a Carbocloro.
“O mercado exige que as comercializadoras não sejam só empresas de papel. E que venham fazer a integração”, afirmou Avila, para resumir as opções feitas pela Tradener nos seus pouco mais de 20 anos, deixando de ser apenas um agente de comercialização, para atuar também como agente de geração e participante ativo dos mercados de gás natural e serviços em energia.
Depois de fazer uma autocrítica e reconhecer que os problemas atuais das PCH´s não foram totalmente causados pelos sucessivos governos e pelos apegos ideológicos de servidores públicos, Avila acredita que o caminho das PCH´s pode ser de novo trilhado no Brasil inteiro, desde que exista compreensão por parte das autoridades, como ocorre hoje em Goiás. “Rapidamente, poderemos as ter PCH´s no mercado livre, sem depender de leilões. Mas o mercado precisa ser aberto”, alertou.