Estudo mostra potencial do biogás no Norte
Da Redação, de Brasília (com apoio do Instituto Escolhas) —
Dezembro é, tradicionalmente, um mês de aumento na conta de energia elétrica causada, em geral, pelo acionamento das térmicas para suprir o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Buscando alternativas que completem a demanda de energia, evitem a temida bandeira vermelha e ainda incentivem atividades sustentáveis na Amazônia, o Instituto Escolhas, em parceria com o CIBiogás, divulga seu novo estudo sobre biogás na Amazônia.
Lançado nesta terça-feira, 15 de dezembro, o estudo destaca o potencial de quatro estados amazônicos para a geração de biogás, um tipo de gás inflamável, produzido a partir de materiais orgânicos e que, além de gerar energia, contribui para a destinação correta de resíduos e pode servir de impulso para a economia local. A análise traz dados completos em relação ao material divulgado no início de novembro, que mostra como o biogás poderia ter amenizado o apagão elétrico ocorrido durante grande parte do mês no Amapá.
A escolha da Amazônia para o estudo, segundo o diretor executivo do Escolhas, Sergio Leitão, busca oferecer subsídios para o desenvolvimento da bioeconomia na região, incentivando atividades econômicas com conservação do meio ambiente: “É muito interessante ver que a partir de elementos da natureza podemos mover, promover e fazer acontecer a bioeconomia para a região amazônica, fundamental para gerar renda e manter a floresta em pé”, diz Leitão acrescentando que em abril o Escolhas fará o lançamento de novo estudo, desta vez com o potencial de geração de biogás para todos os estados da Amazônia Legal.
Leonardo Souza Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás, também apontou a relevância da parceria, destacando que o modelo aborda as características de cada região: “É muito importante entender o território e a partir desse entendimento definir estratégias para ampliar a sustentabilidade das ações, ampliando a competitividade e que aproveitam a disponibilidade de resíduos e substratos”, disse Leonardo.
A análise do Escolhas buscou analisar o potencial de geração de biogás a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU) e restos da piscicultura em quatro estados da Amazônia: Amazonas, Amapá, Rondônia e Roraima e chegou a um potencial de 136 milhões de m3 de biogás por ano, o suficiente para gerar 283 GWh de eletricidade por ano, atendendo 107 mil residências e beneficiando 429 mil pessoas.
Entretanto, do potencial identificado nos resíduos sólidos urbanos nos quatro estados, menos de 20% é aproveitado, já que a maioria dos municípios ainda não tem uma política adequada de destinação de resíduos sólidos e a presença de lixões ou aterros sem recuperação de gases faz parte da maior realidade no país, conforme explicou Daiana Martinez, pesquisadora do estudo e Coordenadora de Transferência de Conhecimento do CIBiogás.
“Isso mostra que há uma oportunidade imperdível para que sejam direcionados investimentos a essas unidades, que passariam a tratar os resíduos e a gerar energia”, diz Daiana.
A gerente de projetos e produtos do Escolhas Larissa Rodrigues, que coordena o estudo, destacou ainda a importância que o biogás pode ter para os municípios, especialmente os pequenos, servindo de atrativo para que eles se adequem ao marco legal de resíduos sólidos.
“Com o biogás, o custo de conversão de lixões em aterros pode se tornar investimento, economizando na eletricidade de prédios públicos ou ainda permitindo a participação em leilões”, diz Larissa.