Balanço da Total mostra impacto do Covid-19
Maurício Corrêa, de Brasília (com apoio da Total) —
Para quem ainda desconfia do discurso da Petrobras, no sentido de que é necessário apertar os custos e vender ativos, para acertar as contas, devido aos impactos causados pelos tempos da pandemia de Covid-19 (situação que é potencializada pela ineficiência e roubalheira de gestões do passado recente), vale a pena analisar o balanço da petroleira francesa Total divulgado em Paris, nesta terça-feira, 09 de fevereiro.
A receita ajustada da Total caiu 66%, no final de 2020, quando atingiu US$ 4,06 bilhões. No quarto trimestre do ano passado, a empresa registrou um faturamento de US$ 1,30 bilhão, que foi 59% inferior ao alcançado no mesmo período do ano anterior.
No balanço, a Total faz referência ao “contexto dificil” que foi operar uma grande empresa do setor de óleo e gás, com atuação global, no ano em que a pandemia explodiu e fez as suas vítimas pelo mundo, alterando não apenas o comportamento das pessoas, mas, também, os procedimentos das empresas. Lembrando obviamente que isso ocorreu num período em que as economias nacionais praticamente ficaram paralisadas em todos os países.
Vale lembrar que, no segundo trimestre de 2019, o barril do petróleo do tipo Brent (que é aquele cotado no Mar do Norte e regula os negócios no mercado europeu) caiu a incríveis US$ 20. O balanço do ano é horroroso. O Brent custou US$ 44,20 o barril, ao final do último trimestre de 2020, o que significou menos 30% do que o quarto trimestre de 2019.
O ano de 2020 terminou com o petróleo tipo Brent cotado a US$ 41,80, menos 35% em comparação com 2019. O drama não termina aí, pois o mercado de gás natural também foi severamente afetado. O GN custava US$ 5,60 por milhão de BTU (padrão britânico de medida utilizada no mercado internacional de GN) no quarto trimestre de 2020, o que já foi um ganho em comparação com o mesmo período de 2019: mais 10%.
Entretanto, analisando 2020 e 2019, observa-se que o GN no mercado europeu caiu 31% e ao final do ano passado bateu na casa de US$ 3,30 por milhão de BTU. Para uma companhia que vive da produção e venda de óleo e gás, foi uma pancada e tant0.
Apesar da crise e até mesmo para tentar encontrar alternativas sustentáveis fora do segmento de óleo e gás, a Total está investindo em vários países em novos negócios, principalmente a energia renovável. Ela já atua, por exemplo, na geração de energia solar, em biogás (é líder na França), no armazenamento de energia e em hidrogênio verde. Isso sem abandonar o seu negócio original, de produção e distribuição de óleo e gás, inclusive o GNL.