Tradener alerta para custos altos até 2020
Da Redação, de Brasília —
O corpo técnico da comercializadora Tradener fez uma avaliação do momento atual do setor elétrico brasileiro e concluiu que vai sobrar uma conta pesada para os consumidores até 2020, em consequência dos erros cometidos com a aplicação da MP 579.
Atualmente em pauta, o governo federal, por intermédio do CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – discute uma possível modificação no acionamento das termelétricas, que pode resultar em custos de energia mais amenos aos consumidores. A medida, no entanto, é uma alternativa que visa reparar uma série de erros na gestão do setor energético desde setembro de 2012, período pré-eleitoral no Brasil, com a edição da Medida Provisória 579.
No período, segundo a Tradener, sinalizou-se aos consumidores a possibilidade de diminuição de cerca de 20% nos gastos com energia, que incentivou fortemente o consumo nas residências, indústrias e comércios. De acordo com a avaliação da Tradener, a sinalização dada ao mercado foi equivocada, pois o período demandava atenção e economia por parte dos consumidores para a preparação a um possível racionamento.
Com o aumento expressivo da demanda por energia, houve o acionamento de térmicas caras a fim de suportar a energia demandada e evitar o período de racionamento. “O prolongado despacho fora da ordem de mérito econômico com um sinal econômico de preços errado trouxe enorme prejuízo a todos os consumidores de energia, que tiveram que pagar (e ainda estão pagando) incalculáveis encargos à título de segurança energética. Realmente não tivemos racionamento, mas a um custo infinitamente maior, que está atualmente sufocando as empresas que conseguem sobreviver ao caos econômico do país”, explica Walfrido Avila, presidente da Tradener.
No seu entendimento, é fundamental que qualquer despacho dentro ou fora do mérito econômico componha o preço spot (PLD) a fim de sinalizar economicamente o preço ao mercado de energia. “E foi o que não ocorreu durante estes anos. Estamos tendo, por exemplo, despachos de R$150/MWh com o preços da ordem mínima de R$70/MWh, mais de 100% superior. Também já tivemos térmicas acima de R$1.000/MWh sendo despachadas enquanto os PLD’s eram bem baixos. São medidas que causaram enormes distorções durante muitos anos e uma conta gorda para os consumidores pagarem até 2020”, comenta.
Embora as estimativas apontem os preços para o alto, Walfrido Ávila acredita também que com as alterações ocorridas no mundo político, caracterizadas por uma visão mais liberal e menos intervencionista, o Ministério de Minas e Energia poderá contribuir para aliviar as tensões do sistema, de modo que as relações entre os agentes, inclusive os consumidores, possam ir se ajustando aos poucos.
Para as próximas movimentações do mercado são esperadas, dentre muitas outras, modificações nas formas de precificação dos custos de energia – tema incluso no projeto de lei 1917 de portabilidade na conta de luz, já que, atualmente, a sistemática com base no custo marginal de operação não tem sido cumprida, causando altos custos aos consumidores livres e cativos.