Os bruxos estão soltos no MME
O Ministério de Minas e Energia anuncia que iniciou a segunda fase da Consulta Pública nº 109/2021 para divulgação da documentação técnica do Grupo de Trabalho (GT) de Metodologia da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (Cpamp).
A respeito dessa decisão da Cpamp (que apenas no nome já é um palavrão), diz um comunicado do MME:
“A abertura da segunda fase da consulta pública veio da necessidade de complementação das análises, estudos e impactos avaliados na primeira fase, considerando as contribuições recebidas pela Cpamp. O trabalho faz parte dos aprimoramentos propostos pelo GT-Metodologia no Ciclo 2020-2021.
Na primeira fase, a Cpamp havia inicialmente recomendado a utilização da metodologia PAR(p)-A no modelo Newave e Gevazp, da RHE no modelo Decomp, a alteração dos níveis meta de VMinOp, além de propor um novo par de aversão ao risco CVaR.
Nesta segunda fase, a Cpamp optou por reconsiderar a proposta inicial, de forma a não recomendar a metodologia proposta, PAR(p)-A, a partir de janeiro de 2022. Ressalta-se que, dada a relevância da metodologia PAR(p)-A na geração de cenários dos modelos computacionais, o tema continuará em estudo no ciclo 2021/2022, visando garantir seu pleno funcionamento no que diz respeito à sua implementação na Programação Dinâmica Dual Estocástica (PDDE) do modelo Newave.
Diante desse novo contexto, a Cpamp optou por novas recomendações: o uso das funcionalidades estudadas no âmbito da representação do volume mínimo operativo no modelo Decomp e elevação de armazenamento (conforme consta na Consulta Pública), porém, mantendo a metodologia atual de geração de cenários hidrológicos PAR(p). Neste sentido, o GT-Metodologia da Cpamp fez nova avaliação de reparametrização do mecanismo de aversão ao risco, CVaR. A nova recomendação foi documentada em um relatório complementar, disponibilizado aos agentes no âmbito da Segunda Fase da Consulta Pública nº 109/2021. Neste novo estudo, os pares agora avaliados são: CVaR (50,25), CVaR (50,35), CVaR (50,50), CVaR (25,30), CVaR (25,35), CVaR (25,40), CVaR (25,45) e CVaR (25,50)”.
Se você, caro leitor, não entendeu nada do que está escrito nestes quatro parágrafos disponibilizados (é verdade) em um comunicado ao público no site do MME, não precisa se sentir mais burro do que ninguém e nem precisa ficar chorando pelos cantos, lamentando a sua inferioridade mental. Também não precisa correr para uma terapia. Você tem a solidariedade integral do editor deste site, que tanto quanto você não entendeu absolutamente nada do que está escrito no comunicado (ao público) do MME.
Porque essas coisas são feitas para não serem entendidas por nós, que estamos num patamar inferior. Os bruxos matemáticos que organizam essa confusão fazem questão que isso não não seja compreendido por ninguém fora do pequeno círculo em que eles, os bruxos, praticam essa alquimia moderna.
Ou seja, ao entenderem que todos nós, leitores comuns, somos o equivalente ao “australopithecus africanus”, isto é, que a nossa capacidade craniana é menor e que por isso mesmo somos incapazes de entender o que eles querem dizer, os gênios da matemática que fazem os programas computacionais de definição dos preços da energia elétrica decretam, com satisfação e arrogância, que isso é monopólio deles.
Só eles, que são muito mais inteligentes do que nós, pessoas comuns e talvez de segunda classe, têm condições intelectuais para definir por quanto a energia elétrica deve ser comprada e vendida. Essa é a visão desse grupo de engenheiros e matemáticos que se sentem iluminados. Isso é deprimente.
Entretanto, caros leitores, não liguem para essas bobagens tecnocráticas disponibilizadas sem visão crítica pelo MME. Um dia, isso tudo passará e a energia elétrica será comercializada como um kilo de banana na feira. Se o comprador estiver a fim, ele compra pelo valor que está sendo pedido. Caso contrário, passa para a barraca do lado.
O editor deste site já está avançado na idade, está mais prá lá do que prá cá, mas confessa com humildade que gostaria muito de ganhar uma bonificação e viver um pouco mais para poder saborear o momento em que, perplexos, os consumidores perceberão que é possível, sim, comercializar a energia elétrica sem as complicações das fórmulas misteriosamente engendradas nos computadores dos engenheiros e matemáticos do Cepel, ONS, MME, consultorias, por aí.
Quanto aos bruxos matemáticos, eles não sentirão qualquer tipo de problema pois estarão entupidos de dinheiro até a testa depois de iludirem os consumidores de energia elétrica com esse bla-blá-blá tecnocrático durante anos e anos, todos ganhando muito bem. Dinheiro, é bom ressaltar, ganho licitamente porque estas são as regras atuais do jogo.
No final, consumidor, é você mesmo que está pagando a conta, pois todo esse discurso moderninho-tecnocrático só serve mesmo para aumentar os custos do setor elétrico brasileiro.
Adendo à Opinião do Editor:
uma alma misericordiosa, dessas que protegem jornalistas, principalmente os já a caminho da quarta idade, traduziu o blá-blá-blá da nota do MME.
Em síntese, é o seguinte: nos acréscimos do segundo tempo, alguém descobriu um erro (mais um) do famoso estagiário do ONS, essa figura mítica que enlouquece o setor elétrico brasileiro, na solução proposta pelas autoridades do SEB.
Depois de dois anos estudando o assunto, quando a proposta estava prestes a ser oficializada, descobriram um errinho que comprometia todo o trabalho. Nesta quarta-feira, 07 de julho, às 9 horas, haverá uma reunião virtual, quando as autoridades do SEB vão explicar o erro.
No meio de toda essa confusão, tem gente ganhando dinheiro. Muito dinheiro. Uma outra alma cheia de compaixão pelo trabalho da imprensa comentou que todo mundo sabe, há muito tempo, que os modelos computacionais são como carroças. Mas só que aqueles que estão quase infartando de tanto ganhar dinheiro aprenderam a dominar os cavalos.