Energias limpas se impõem no pós-pandemia
Da Redação, de Brasília (com apoio do ClimaInfo) —
Um relatório publicado na Inglaterra nesta quarta-feira, 28 de julho, pelo think tank de energia Ember revela que as emissões do setor elétrico europeu baixaram 12% em comparação aos níveis pré-pandêmicos no primeiro semestre de 2021. Os combustíveis fósseis não conseguiram retornar aos níveis anteriores à pandemia, apesar da demanda de eletricidade se recuperar totalmente, com a eletricidade limpa fornecendo dois terços da energia do bloco.
“Agora que o efeito pandêmico sobre o setor energético passou é possível observar uma clara tendência: os combustíveis fósseis estão em rápido declínio à medida que a Europa limpa seu setor energético”, afirma Charles Moore, líder da Ember na Europa. “Mas o progresso está longe de ser suficientemente rápido para atingir a meta de emissões da própria UE, muito menos para atingir 100% de eletricidade limpa até 2035.”
O relatório apresenta os últimos dados sobre a geração de eletricidade na Europa nos primeiros seis meses de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020 e 2019, antes da pandemia.
Na primeira metade de 2021, a demanda de eletricidade na Europa estava de volta aos níveis pré-pandêmicos. Entretanto, a geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis permaneceu 10% menor do que antes da pandemia devido ao crescimento resiliente das energias renováveis (+11%). Os combustíveis fósseis poderiam ter caído ainda mais, mas a produção nuclear também diminuiu (-8%). Em geral, a energia do carvão foi mais afetada (-16%) do que o gás (-4%).
A análise mostrou que agora é duas vezes mais caro gerar eletricidade a partir de usinas existentes de gás e carvão do que de novas usinas eólicas e solares na Alemanha, Espanha, França e Itália. Em toda a UE, os preços do gás quase dobraram em 2021, enquanto os preços do carvão mineral importado aumentaram em 70%. Mesmo excluindo os custos das permissões de CO2, a eletricidade das usinas a gás existentes é agora mais cara do que as novas usinas eólicas e solares.
Na primeira metade de 2021, a energia limpa forneceu dois terços (66%) da eletricidade na União Europeia, com fontes renováveis de eletricidade fornecendo 39% e a nuclear os 27% restantes. Em comparação, o carvão gerou apenas 14% da eletricidade da Europa e diminuiu quase pela metade desde 2015. As energias renováveis mantiveram sua liderança sobre os fósseis como principal fonte de eletricidade na Europa, um marco alcançado pela primeira vez em 2020, durante a pandemia.
Nos primeiros seis meses de 2021 houve um aumento nos combustíveis fósseis, mas este recuperou menos da metade (45%) do colapso observado durante a pandemia. Em destaque, Espanha e Holanda não viram nenhum aumento nos combustíveis fósseis em 2021, devido ao crescimento da capacidade eólica e solar. Somente a energia eólica espanhola produziu mais eletricidade do que todas as fontes fósseis do país.
Segundo o relatório, nos últimos 5 anos, a participação da eletricidade limpa aumentou em média 1,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior no bloco europeu. De acordo com o Roteiro NetZero 2050 da Agência Internacional de energia, todos os países da OCDE devem visar uma eletricidade 100% limpa até 2035 para colocar o mundo no rumo certo para limitar o aquecimento global a 1,5C, em acordo com os termos do Acordo de Paris.
Para isso, a Europa deve dobrar esse desempenho durante a próxima década para alcançar suas novas metas climáticas para 2030 (-55% de GEE), e acelerar ainda mais para atingir 100% de energia limpa até 2035.