Bento poderia perguntar ao ONS
Maurício Corrêa, de Brasília —
Ninguém duvida que o Brasil, no momento, em termos de energia elétrica, está numa senhora enrascada. Embora em um ou outro momento o Governo mostra que está vacilando, o fato é que, de modo geral, os especialistas concordam com o diagnóstico feito pelo Governo de que a crise hídrica é gravíssima e que o risco de racionamento é muito alto.
Nas muitas conversas sobre o assunto que tem tido nos últimos dias, este site observou que existem ideias simples que no momento são desprezadas pelo Governo, sabe-se lá porque, e que poderiam ser incorporadas aos procedimentos anti-crise hídrica, sem desprezar os cuidados com a segurança do sistema.
É fato que o sistema está no osso. Caso contrário, o próprio ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, não teria participado de uma rede nacional de rádio e televisão para pedir economia de água e energia aos consumidores. Nesse contexto, qualquer megawatt economizado ou produzido é bem-vindo.
Uma proposta que surge diz respeito a aperfeiçoar um pouco mais os critérios de segurança no intercâmbio de energia elétrica do Nordeste para o Sudeste, considerando que nos próximos dias duas novas linhas de transmissão serão agregadas ao sistema.
O ONS poderia liberar mais um pouco o intercâmbio de energia elétrica gerada pelas usinas eólicas e fotovoltaicas que geram a partir do Nordeste e ia monitorando o sistema bem de perto, acompanhando os desdobramentos.
Para especialistas que conhecem o assunto, o ONS no meio desta crise está excessivamente cauteloso e isso faz com que o País desperdice energia das eólicas e solares. Assim, o ONS poderia melhorar a Operação dessa forma, o que contribuiria para o sistema, que trabalharia com um pouco mais de folga, e também ajudaria os consumidores, que teriam mais energia limpa à disposição, em um momento que o Governo lança mão de qualquer tipo de energia, inclusive as mais sujas e mais caras produzidas por térmicas a óleo.
Há outro ganho evidente para os consumidores, o qual não se pode deixar de mencionar. Quando ocorre de essa energia que tem potencial para gerar não é despachada pelo ONS, o gerador não perde nada. A energia é contabilizada e gera encargos, que são pagos por quem? Pelos consumidores, é óbvio.
Hoje, está claro que estamos no meio de uma guerra. E o ministro de Minas e Energia, que é um almirante e tem curso de Estado Maior, sabe disso. Só não dá para entender por qual razão essa energia deixa de ser produzida e se aumentam os custos para o consumidor de uma forma pouco inteligente e desnecessária. Ele podia fazer essa perguntinha ao ONS.