Abrace lança chamada pública para GN
Maurício Corrêa, de Brasília —
A Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e dos Consumidores Livres (Abrace) lançou uma chamada pública visando à contratação de mais de 6 milhões de metros cúbicos/dia de gás natural. O objetivo é estimular a abertura do mercado do insumo e proporcionar uma aproximação entre supridores e potenciais consumidores livres da associação, viabilizando negócios a partir de 2022.
“Essa é uma iniciativa importante para provocar e desenvolver o mercado, através da identificação de barreiras e soluções, já que estamos num movimento de transição. O papel da Abrace é coordenar e intermediar o processo de contratação de gás natural, não fazendo parte do escopo de sua atuação comercializar ou adquirir o insumo em nome das empresas. Os acordos de compra e venda deverão ser bilaterais, entre consumidores e vendedores”, assinala uma nota informativa divulgado pela associação.
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O edital da Abrace é orientado para o cumprimento de boas práticas das leis de defesa da concorrência. No documento constam detalhes sobre a iniciativa, bem como as particularidades do processo de submissão das propostas. Para formalizar a participação do proponente na Chamada Pública, é preciso preencher um formulário de cadastro online.
“Este é um esforço da Abrace para fazer funcionar o novo mercado de gás. Queremos que os produtores em terra ou no mar e importadores possam competir no mercado para melhor atender os consumidores. É um mercado de grande volume, que vai ajudar a viabilizar as reservas do pré-sal”, afirmou Paulo Pedrosa, presidente executivo, em vídeo disponibilizado pela associação.
Ele entende que é preciso lutar para transformar em realidade as mudanças da área de gás natural aprovadas pelo Congresso Nacional. “Enfrentamos movimentos em estados que na nossa visão contrariam o espírito de competição da lei. E promovem a verticalização do mercado brasileiro, fazendo os consumidores perderem”.
Pedrosa ressaltou que trata-se de um esforço no campo dos negócios, mas que a associação não vai atuar como comercializadora de gás. “A Abrace não vai fazer a compra agregada da demanda dos seus associados, até porque não poderia fazer. O que faremos é contar para o mercado onde está a demanda dos seus associados. E procurar produtores e importadores de gás, para que ofereçam soluções para o atendimento a essa demanda. Vamos botar para conversar quem quer comprar e quem quer vender gás natural. E os negócios vão acontecer entre eles de forma bilateral e reservada. Esta iniciativa da Abrace vai ajudar o mercado a crescer”, afirmou Pedrosa.
Uma outra associação, a Abraceel, que reúne os comercializadores de energia, há anos vem trabalhando na mesma direção, para que seus associados possam agregar áreas de comercialização do gás natural. Muitas empresas ligadas à Abraceel, inclusive, já trabalham com essa estratégia, investiram e constituíram equipes.
Para especialistas do mercado, a iniciativa da Abrace pode prejudicar os negócios dos comercializadores. Este site procurou a Abraceel, para tentar obter a sua visão para duas questões: 1. a iniciativa da Abrace interfere realmente nos negócios dos comercializadores de energia? 2. a Abraceel e a Abrace têm atuado em conjunto em várias iniciativas nos últimos anos, inclusive na área do gás natural. As relações entre as duas associações ficam prejudicadas por isso?
Consultada através da assessoria de imprensa, a associação dos comercializadores não se manifestou.