Ambientalistas prometem protestar no BTG
Da Redação, de Brasília (com apoio da 350.org) —
Nesta sexta-feira, 05 de novembro, indígenas, ativistas pelo clima e representantes da sociedade civil, estarão unidos em uma manifestação pacífica, em São Paulo (SP), denunciando ações contraditórias do BTG Pactual, maior banco de investimento da América Latina, que, na visão dos ambientalistas, colocam em risco a Amazônia e as comunidades indígenas do local, além de contribuir com a crise climática em todo o mundo.
A ação de ativismo será realizada durante a manhã, a partir das 10 horas, em frente à sede do banco, para alertar sobre a ambiguidade de um banco se considerar dentro das práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) e, ainda assim, seguir com o investimento em combustíveis fósseis. O protesto contará com performances artísticas e debates para dar voz às comunidades que serão diretamente impactadas pela extração de petróleo e gás na região Amazônica.
Segundo a 350.org, apesar de sua postura de apoio à políticas ambientais e sustentáveis, o BTG Pactual é hoje um dos maiores acionistas da Eneva, maior operadora de gás do Brasil, dona de duas termelétricas a carvão e responsável pela compra de blocos para a exploração de petróleo e gás na Amazônia.
“O BTG fazer anúncios sobre o quanto é moderno e sustentável, enquanto financia a expansão de petróleo e gás em áreas preservadas da Amazônia, parece tão verdadeiro quanto uma empresa de cigarros publicar uma propaganda se dizendo amiga dos pulmões de seus clientes”, diz o diretor da 350.org na América Latina, Ilan Zugman. Para ele, é “uma narrativa hipócrita, prejudicial à sociedade e que, no fim das contas, tira a credibilidade do próprio banco”.
Além de ter a Eneva em sua carteira de investimentos, no último relatório anual, o BTG declarou investimentos de mais de R$ 5,4 bilhões em combustíveis fósseis e R$ 964,6 milhões em energia renovável. “Com tantos setores promissores da nova economia, é surpreendente que o BTG tenha escolhido a expansão do petróleo e do gás na Amazônia como área para investir e siga com esses ativos em sua carteira. Isso revela uma desconexão assustadora do banco com os princípios ESG e com uma visão saudável de crescimento corporativo”, reitera Zugman.
“Os bancos e outras grandes empresas precisam parar de investir em indústrias que ameaçam os povos indígenas e toda a biodiversidade local da Amazônia e de muitos outros lugares. De nada adianta pautar o avanço econômico de poucos, deixando um rastro de destruição para tantos”, reforça o cacique Jonas Mura.
O manifesto acontece em meio à COP26 e faz parte de uma onda de ações visando revelar instituições financeiras que continuam a apoiar a indústria de combustíveis fósseis. Com mais de 120 ações em 26 países coordenadas pela 350.org e parceiros, as mobilizações expressam um sentimento coletivo de urgência, para exigir justiça climática e impedir o financiamento dos combustíveis fósseis. A ideia é que esses bancos redirecionem seus investimentos para uma transição energética justa, apoiando as nações mais vulneráveis no enfrentamento da crise climática.