Leilão de óleo teve aplausos e protestos
Maurício Corrêa, de Brasília (com apoio do IBP/350.org) —
O IBP avaliou de forma positiva o resultado do segundo leilão de licitação dos volumes excedentes da cessão onerosa.
Segundo a conclusão do Instituto, o leilão representou a última oportunidade de acesso a grandes volumes já descobertos do pré-sal, com um resultado de mais de 11 bilhões de reais em bônus de assinatura. Além disso, foram ofertados relevantes percentuais de excedente em óleo na ordem de 37,43%, com um ágio de 149,2% para Sépia, e 31,68%com um ágio de 437,86% para Atapu.
“Como consequência dos esforços do governo, em articulação com a indústria, para melhorar as condições competitividade, o certame atraiu a participação de grandes empresas globais. Foram vencedores os consórcios da Petrobras com Total Energies (Sépia e Atapu), Petronas (Sépia), QP (Sépia) e Shell (Atapu)”, diz um comunicado distribuído pelo IBP.
Com esse resultado, o IBP antevê a execução e contratação de volumosos investimentos para o aumento da produção e, consequentemente, geração de emprego, renda, divisas e receitas para o país.
“Nesse contexto, para que os próximos leilões de áreas exploratórias sejam também competitivos, o IBP ressalta a importância de se ter um ambiente de negócios atrativo para os investimentos, com estabilidade de regras e segurança jurídica, para que possamos aproveitar a atual janela de oportunidade, e contribuir para a segurança energética nesse período de transição para uma economia de baixo carbono”, argumentou o Instituto.
Pescadores protestaram
Um grupo de manifestantes liderados pela organização ambientalista 350.org, exigiu o fim de novos projetos de petróleo e gás. “Um mês após vender imagem de defensor do meio ambiente, na COP26, o governo ignora os impactos às comunidades e estimula a piora da crise climática”, diz uma nota distribuída pela 350.org.
Na manhã desta sexta-feira, ambientalistas da 350. org e pescadores artesanais de oito associações da Região Metropolitana do Rio de Janeiro fizeram um protesto em frente ao Windsor Barra Hotel, na capital fluminense, para pedir o fim dos novos projetos de petróleo e gás na costa brasileira.
A ação ocorreu ao mesmo tempo em que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou, dentro do hotel, a licitação dos volumes excedentes da cessão onerosa das áreas de Sépia e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos.
Os pescadores levaram para a porta do hotel um barco e redes de pesca, para lembrar aos executivos das empresas participantes do certame que as comunidades pesqueiras do Grande Rio de Janeiro sofrem diariamente com os impactos da extração, do transporte e do refino de petróleo e gás.
“Os lances das empresas no leilão de hoje serão, amanhã, os impactos que nos atingem, como os vazamentos de óleo e a contaminação dos recursos pesqueiros”, diz Alexandre Anderson, liderança nacional dos pescadores artesanais e presidente da Associação dos Homens e Mulheres da Baía de Guanabara (Ahomar), organização sediada em Magé.