Tem gente que gosta dos programas computacionais para formar preços no SEB
Mauricio Corrêa, de Brasília —
Que o Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) tenha um posicionamento tolerante em relação à formação de preços através de computadores, no setor elétrico brasileiro, é mais ou menos compreensível.
Afinal, o Fórum reúne praticamente a totalidade das associações empresariais do SEB e não existe unanimidade no grupo em relação aos programas computacionais que são adotados. Então, o Fórum fica numa posição difícil, meio tucana, em cima do muro.
Difícil mesmo, praticamente impossível, é explicar o posicionamento da associação dos comercializadores de energia, a Abraceel.
Por definição, um comercializador é aquele que compra e vende, utilizando conceitos que são praticados há muitos séculos. Compra-se por tanto e vende-se por tanto.
No entanto, entre os associados da Abraceel há um estranho posicionamento, pois a maioria deles abdica da ideia de comprar e vender, como manda a tradição, e prefere o comodismo de apoiar a existência dos programas computacionais que definem a formação de preços da energia elétrica no Brasil.
Entre os comercializadores que não aceitam essa incômoda situação e que são críticos do comodismo da associação, há uma explicação. Existiriam alguns comercializadores que provavelmente morreriam de fome, se os programas computacionais, de uma hora para outra, deixassem de formar preço no SEB. Afinal, eles estariam tão acostumados a utilizar tais programas que simplesmente não saberiam mais como se compra e se vende energia elétrica no mundo real.
Então, esses agentes preferem utilizar os programas computacionais, pois eles não obrigam a pensar. O preço já vem mastigado, mesmo que seja uma bobagem tecnológica, com constantes erros técnicos, que deixam os executivos do setor com nervos à flor da pele.