Mercado especula sobre o novo número 2 do MME
O mercado elétrico está especulando fortemente não apenas em relação ao nome de quem vai substituir Adolfo Sachsida no Ministério de Minas e Energia. Tem também muita gente preocupada com quem será o novo secretário-executivo do MME.
Este site apurou que há três nomes sendo falados na praça. Se um deles vai emplacar ou não, dependerá naturalmente de quem será o chefe e das eventuais composições políticas que ocorrem nestes casos.
Um nome muito badalado é o do ex-diretor-geral da Aneel, André Pepitone. Discretamente escondido numa diretoria da binacional Itaipu, de Foz do Iguaçu ele estaria se movimentando nos bastidores para voltar a Brasília como o número 2 do Ministério de Minas e Energia.
Pepitone é alguém que provavelmente poderá chegar até a vôos mais altos, como, por exemplo, ser ministro de Minas e Energia. Reúne competência técnica e experiência. Conhece o setor elétrico brasileiro como poucos e tem legítima ambição para chegar lá. Tem ótimo trânsito, da esquerda à direita, sendo muito respeitado por raposas políticas de várias tendências.
Mas é relativamente jovem e, conhecendo o caminho das pedras e talhado na burocracia federal, sabe que a pressa é inimiga da perfeição. Sabe se movimentar com muita habilidade do movediço mundo político. A Secretaria-Executiva do MME, no momento atual, seria um posto adequado para deixar o seu estratégico exílio paranaense e se reapresentar em Brasília em alto estilo.
Outro nome especulado pelo mercado é o de Paulo Pedrosa, presidente-executivo da Abrace, a poderosa associação dos grandes consumidores de energia elétrica. Gente que gosta de falar grosso na hora de reclamar sobre as tarifas de energia elétrica.
Pedrosa já passou pela diretoria da Aneel no Governo FHC e esteve na função de secretário-executivo, no Governo Temer. Seu nome inclusive chegou a ser cotado para ser ministro. Conhece bem as situações que envolvem o setor elétrico brasileiro, especialmente o papel a ser desempenhado pelo gás natural na matriz energética.
Ao mesmo tempo que tem o seu valor como executivo e inteligência reconhecidos pelo mercado, também sabe colecionar inimigos poderosos, os quais, neste momento, estão trabalhando contra ele. Já foi uma espécie de unanimidade como uma liderança emergente do SEB, mas hoje há muita gente que torce o nariz para ele, pois estar no Poder significa fazer opções e contrariar interesses. É um nome forte ainda, mas já não é mais o queridinho do mercado.
Além disso, o seu eventual retorno ao MME seria mais fácil se ocorresse como parte de uma composição envolvendo o nome do recém-eleito senador Renan Filho como titular da Pasta. Paulo Pedrosa, que tem origens familiares em Alagoas, é profundamente ligado ao grupo político dos Renans (pai e filho).
Na sua corrida para ser ministro, apoiou-se fortemente nos militares, principalmente o general Hamilton Mourão. Não deu certo e isso a princípio não seria uma coisa positiva num Governo petista. Só que o MME provavelmente será dado a alguém, agora, no esquema de porteira fechada, ou seja, o novo ministro coloca quem quiser na sua equipe. Nesse contexto, o nome de Pedrosa poderia se encaixar.
Só que o nome de Renan Filho, hoje, tem sido mais cotado para ocupar a Pasta do Planejamento, pois o MME seria cedido ao arqui-inimigo Arthur Lira numa articulação que passa por uma costura delicada envolvendo o Centrão, a aprovação da PEC da Gastança e até mesmo o tal orçamento secreto. Nesse contexto, com Renan Filho fora do MME, Pedrosa perderia força.
O mercado também fala, um pouco menos, no nome de Efraín Cruz, também ex-diretor da Aneel. A equação para emplacar Efraín no MME seria talvez mais complicada. Bolsonarista em tempo integral, caso o seu líder tivesse vencido a eleição seria pule de 10, ou seja, uma barbada. Só que Bolsonaro perdeu.
Como o mundo político não se rege no mesmo diapasão da vida das pessoas comuns e tem as suas próprias excentricidades, Cruz, a princípio um perdedor neste momento pós-eleitoral, poderia paradoxalmente ser um vencedor. Como Paulo Pedrosa, também depende da tal porteira fechada.
A Pasta de Minas e Energia voltou a ser moeda de troca na composição do ministério e, se for dada de porteira fechada a alguém de viés conservador, Efraín Cruz sem dúvida é um nome que poderá ser considerado.