Sachsida cumpriu o seu dever
O economista e professor Adolfo Sachsida foi (está a poucos dias de passar a Pasta ao novo Governo) um ministro de Minas e Energia bastante diferente de muitos que o antecederam.
Sem ter o mínimo do DNA daqueles que se autointitulam gênios da área de energia, Sachsida, na sua simplicidade, pode ter a certeza que deixa o MME com a consciência do dever cumprido. E o Brasil agradece.
Foi muito positivo ter à frente do MME um ministro que, tendo passado por dois postos privilegiados no Ministério da Economia, tem uma visão mais abrangente do Brasil e que não se limitou a tocar a sua Pasta apenas como um amontoado de megawatts.
Nesse contexto, este site arrisca dizer que é possível que nunca tenha passado pelo MME um ministro que trabalhou tanto quanto ele em favor dos consumidores de energia elétrica ou de derivados de combustíveis.
Antes dele, passaram pela Pasta alguns titulares absolutamente inúteis, deslumbrados e preocupados apenas com o tapete vermelho e o nhem-nhem-nhem que cercam as autoridades de Brasília. Mas também passaram vários ministros decentes, responsáveis e empenhados em deixar um legado, quase sempre na direção do empoderamento do Estado. Todos, contudo, foram diferentes do atual ministro, pois tinham uma visão muito restrita dos impactos provocados pelas decisões tomadas no Ministério de Minas e Energia.
Houve ministros que tocaram obras ou que tentaram administrar apagões. Ministros autoritários ou educados e pacientes. Houve ministros bem-intencionados que militarizaram a Pasta. Também houve ministros que não conheciam patavina sobre o SEB e aqueles arrogantes que achavam que conheciam tudo e que a opinião da ralé não tinha a menor importância.
Entretanto, Sachsida, que ficou apenas sete meses à frente do MME, pode ficar muito à vontade, pois deixou um enorme legado em favor dos consumidores. A sua preocupação era o bolso dos consumidores de energia elétrica ou daqueles que precisam encostar o carro num posto e abastecer o tanque. Isso tudo num contexto de pandemia, como não se viu no Planeta Terra em mais de 100 anos.
É verdade que ele passou como uma espécie de cometa pelo MME, mas foram sete meses extremamente produtivos, nos quais ele e sua equipe transformaram o consumidor no principal protagonista.
Este texto não vai perder tempo em citar as mudanças introduzidas pelo atual ministro, pois são conhecidas. As principais, sem dúvida, consistem no conjunto de decisões que ampliam o mercado livre de energia elétrica ou que reduzem os impostos sobre as contas de luz e os combustíveis.
Aqueles que o antecederam nunca mexeram um dedo para tornar os preços menores e aliviar os bolsos dos sofridos consumidores. Apenas se preocuparam com a saúde das empresas, submetendo-se docemente às ações dos lobbies, que não brincam em serviço. Sachsida não quis saber. Dentro dos limites legais reduziu o que podia ser diminuído e abriu oportunidades para que os consumidores pudessem escolher os supridores de energia elétrica.
Nestes últimos dias de sua gestão, numa espécie de prestação de contas, Adolfo Sachsida reforçou que seu compromisso sempre foi com o consumidor:
“A maior herança que deixo para o País é ter colocado o consumidor como protagonista do setor elétrico. Enquanto Brasília continuar comprando energia pelo consumidor, continuaremos nos deparando com todos os poderes (executivo, legislativo, judiciário) interferindo no setor. Teremos novas térmicas da Eletrobras, mais PCSs e a garantia de todos os lobbies, ou seja, os males do setor elétrico persistirão. O meu recado para a próxima gestão é ‘quer resolver os problemas do setor? Abra o mercado de energia para todos os brasileiros’. O setor elétrico brasileiro precisa se modernizar e a modernização passa pelo consumidor como ente central do modelo, ele não pode mais ser prejudicado por decisões erradas de terceiros. Basta”, enfatizou o ministro.
Este editor se sente à vontade para elogiar. Não é amigo do ministro Sachsida, nunca o viu de perto, nunca conversou com ele nem pelo telefone. Sabe que é alto e magro porque já o viu em fotografias ou vídeos.
Entretanto, tem a convicção que qualquer que seja o novo ministro (ou ministra), caso não vá pelo mesmo caminho de Sachsida, já saberemos que será apenas o mais do mesmo passado anterior ao atual ministro. Ou seja, será novamente uma farsa. Enfim, tudo aquilo que os consumidores brasileiros não querem.