MME: qual é a do Governo?
Quem conhece a área de Energia pode talvez imaginar que o ministro Alexandre Silveira involuntariamente está mandando um monte de gente altamente qualificada para o divã de psicanalistas.
Há praticamente um mês na função (completa no início da próxima semana), o titular do MME ainda não disse a que veio e está deixando todo mundo nervoso. Os conselhos de Administração cobram respostas de assuntos diversos dos seus executivos e ninguém sabe o que dizer. A coisa tá feia.
Alguns profissionais da área de Energia entendem que Alexandre Silveira está sendo fritado. O raciocínio tem certa lógica. O presidente Lula se sentiu na obrigação de retribuir o favor que Silveira lhe fez na eleição, quando se dedicou à eleição do atual presidente da República e certamente arranjou boa quantidade de votos em Minas Gerais.
É natural que, na formação do ministério, Lula tenha destinado uma Pasta a Silveira, no contexto do toma lá, dá cá. Só que, na opinião de vários dirigentes do SEB, o preço do agradecimento foi muito alto. Talvez, em vez de dar a Silveira a oportunidade de ser ministro de Minas e Energia, uma Pasta revestida de razoável nível de complexidade técnica, quem sabe não teria sido melhor pagar a dívida, por exemplo, com o Ministério do Turismo?
O fato é que ele foi para o MME e, 30 dias depois, mostrou até agora apenas uma enorme apatia, pois não consegue nomear ninguém para assessorar o ministro em alto nível. Sabe-se que o Palácio do Planalto tem dado uma grande colaboração nesses vetos. Existem informações que Silveira, como consequência, estaria se socorrendo do favor de pessoas amigas, sem vínculo com o MME, neste momento difícil, considerando que a máquina burocrática do ministério simplesmente não existe. É o fim da picada.
No SEB, existe a convicção da fritura. Lula teria dado o MME com uma mão e tirado com a outra, ou seja, o Palácio do Planalto veta qualquer nome indicado por Silveira, impedindo-o de montar uma equipe e consequentemente de governar. Maldade pura. Se isso for verdade, quem está dando as cartas na Esplanada dos Ministérios é algum gênio do mal.
Entre especialistas do SEB, mesmo que o Planalto esteja vetando alguns nomes indicados por Silveira, existe também uma desconfiança no sentido que o ministro seria ruim de jogo.
Afinal, tendo sido senador por Minas Gerais e sendo um político de expressão no estado, mesmo não sendo do ramo de energia elétrica ele certamente teria contatos, por exemplo, na Cemig, na Universidade Federal de Itajubá (considerada uma das melhores escolas de energia elétrica do País), na Universidade Federal de Juiz de Fora (que conta com um conceituado curso de Engenharia Elétrica) ou mesmo na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, que não fica atrás de nenhuma das outras duas.
Impossível não ter indicações de nomes de alto calibre nessas instituições que não possam trabalhar na cúpula do MME. Isso, para ficar apenas no estado de origem do ministro. Não seria tão difícil ou impossível, assim, montar uma equipe técnica de alto nível no ministério, com risco zero ao passar pela máquina de vetos do Planalto.
O MME está literalmente parado. No próximo dia oito, por exemplo, apenas para citar um probleminha corriqueiro na Pasta, vence uma consulta sobre serviços ancilares, um assunto que interessa diretamente às geradoras, pois diz respeito aos serviços auxiliares aos de geração de energia prestados por hidrelétricas. Nada foi feito até agora e não tem a menor chance de alguma coisa ser feita até o dia 08 de fevereiro. Executivos das geradoras não sabem o que dizer aos seus conselhos de Administração.
Na falta do que fazer, as pessoas ficam nos bastidores fazendo piadinhas ridicularizando o ministro. Este site não vai entrar nesse detalhe, pois não opera nesse nível.
O fato é que o presidente Lula precisa tomar uma decisão urgente a respeito do ministro Alexandre Silveira. Ou lhe dá condições para montar uma equipe técnica com a qual possa trabalhar no MME ou pede o cargo e indica algum petista que seja 100% do agrado da Casa Civil.
O que não pode continuar é essa brincadeirinha de governo de coalizão, com um político respeitado, ex-senador da República, mas que não consegue emplacar ninguém na sua Pasta e que precisa se submeter ao veto do Palácio do Planalto. O MME é uma Pasta muito importante, que significa bastante para o Brasil, e não pode simplesmente ficar no campo da galhofa.