O Lula 3, dois meses depois
Embora na visão deste editor tenha sido 100% correto o tratamento dado pelo atual governo à questão dos índios Yanomami e o combate ao garimpo em Roraima, estão ocorrendo algumas situações no Brasil, com apenas pouco mais de dois meses de gestão, que geram preocupações e dão a entender que, ao contrário do que se prometeu na campanha, o Lula 3 está caminhando numa direção equivocada.
O pior de tudo é que em direção à esquerda burra, o que não faz qualquer sentido, pois existem posicionamentos da esquerda que são bons para a sociedade.
Agora, por exemplo, assiste-se ao silêncio absoluto do governo em relação às invasões de terras na Bahia, que provavelmente vão se reproduzir em outras partes do País, pois o MST ganhou sinal verde para fazer o que quiser.
Isso é uma questão séria, a respeito da qual o governo precisa tomar uma atitude, pois o setor ruralista está organizado e não vai permitir que suas terras sejam tomadas na base do grito. Trata-se de um ponto de conflito que pode degringolar para momentos difíceis de serem controlados.
Outra situação preocupante é a posição do governo federal em relação à autonomia do Banco Central. O PT nunca engoliu a independência do BC, ainda mais que a iniciativa foi tomada no governo Bolsonaro. Lula e a turma mais próxima abriram fogo contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto, visando a forçá-lo a renunciar. Ameaçam inclusive recorrer ao Senado Federal para tirar o presidente do BC do cargo. Seria um desastre, mas é que o Lula 3 quer. Essa turma está com saudades dos velhos tempos quando era possível manipular as taxas de juros para ganhar eleições.
Além disso, o atual governo investiu contra a privatização da Eletrobras e o tema tem sido constante em manifestações do próprio presidente. Sem contar a guerra que o Palácio do Planalto e o PT já abriram também contra a Petrobras. Lula considerou um escândalo a empresa ter alcançado um lucro líquido de R$ 188 bilhões no balanço de 2022. Provavelmente queria uma Petrobras no osso, que foi a situação em que a estatal se encontrava depois das gestões de Lula 1 e 2 e Dilma 1 e 2.
Como se tudo isso não fosse suficiente, o Lula 3 tenta asfixiar a gestão do ministro Alexandre Silveira no MME, vetando os nomes que ele propõe para a sua assessoria técnica direta. Há poucos dias, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deitou falação sobre Silveira, numa arrogância que dá pena. O MME está absolutamente travado, por culpa única e exclusivamente do Palácio do Planalto e do ato comando do PT.
Ou seja, está uma maravilha. O que se observa entre as pessoas que têm o bom hábito de pensar é que as atitudes do novo governo são vistas como típicas de gente que está chegando com muita fome de Poder e quer impor um estilo ao País na base da valentia, ignorando o fato que o Brasil saiu rigorosamente dividido da última eleição.
Para este editor, o ritmo aplicado pelo PT na política tem cheiro de confusão. O partido talvez poderia começar pelo básico, que é se organizar, colocar a máquina pública para funcionar, segurar os gastos e por aí vai. Mas, não. O PT ao que tudo indica inverteu toda a lógica da história política e quer resolver tudo de uma vez em poucos meses.
Alguém já disse que está sendo assim porque o presidente está com quase 80 anos e quer refazer a sua biografia com rapidez, pois teria alguma preocupação em relação ao futuro. Ora, não é preciso. O presidente parece esbanjar saúde. Poderia ir com mais calma, no ritmo do Lula 1, e com certeza chegará lá. É isso que se espera dele.
Mas, não. O presidente aparentemente está optando pelo Dilma 2, que não foi lá essas coisas. Só de pensar, dá calafrios em que viveu aqueles momentos. Não é sem motivos que o próprio Lula está querendo “exportar” a companheira Dilma para a China, pois ela é possuidora de uma carga tóxica que não é boa nem para o próprio PT.
Já vimos esse filme antes e sabemos como termina.