O MME tem dono
Pergunta que não pode deixar de ser feita e, ao contrário, deve ser repetida sempre que possível.
Quando é, afinal, que o Governo (leia-se presidente Lula, ministro Rui Costa e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann) vai entender que o Ministério de Minas e Energia precisa completar com urgência o seu quadro técnico para poder cuidar das suas responsabilidades com eficiência? Isso, aliás, é do interesse direto do próprio Governo, embora seja uma enorme contradição a forma como as lideranças petistas conduzem a questão.
Desde o início do Governo, em 1º de janeiro, o Lula 3 vem simplesmente detonando todos os nomes que o ministro Alexandre Silveira tenta emplacar na Secretaria-Executiva. Ninguém serve. Enquanto isso, o MME anda de lado e o ministro Silveira faz o que pode. Está na cara que o MME está capenga e trabalhando muito abaixo do que pode efetivamente entregar. A culpa não é do ministro.
A questão é simples de entender. Lula escolheu Silveira, que não é petista, para o posto. Silveira, obviamente, quer colocar alguém da sua confiança na Secretaria-Executiva, pois é assim que funciona o mundo da política. Só que os gênios que controlam o PT, e que têm egos gigantescos, querem tutelar o ministro e impor um nome que seja da confiança de Lula, Costa e Gleisi. Nessa situação, Silveira seria apenas um fantoche e mero cumpridor de ordens geradas pelo PT.
Com habilidade e paciência, típicas dos políticos mineiros, Silveira vem engolindo sapos desde 1º de janeiro, como se a realidade na sua Pasta fosse outra completamente diferente. Cada sapo é maior do que o outro.
Mas Silveira mantém a esperança que o alto comando petista se canse e se curve à realidade de que precisa garantir uma base partidária no Congresso Nacional e é por isso que ele está lá como titular do MME e representante do PSD. É uma queda de braço que já se arrasta há mais tempo do que o desejado e quem sai no prejuízo são os contribuintes brasileiros e os agentes que dependem de decisões do Ministério de Minas e Energia.
Historicamente, o PT sempre teve alguma dificuldade para administrar coalizões. Entretanto, no caso específico do MME, é possível que o partido esteja estranhando a resistência de Alexandre Silveira em aceitar um nome imposto pelo PT, pois, em outras gestões, no Ministério de Minas e Energia, o partido dos presidentes Lula e Dilma não teve dificuldades para conviver com um PMDB extremamente dócil e obediente. Um companheiro ideal de coalizão, pois jamais criava problemas. O PT mandava e o PMDB acatava e assinava.
Quem não se lembra da forma amistosa e colaborativa com o PT, como os senadores Edison Lobão e Eduardo Braga foram ministros de Minas e Energia de presidentes petistas? Ou então da forma também bastante amigável como técnicos indicados pelo PMDB para a Secretaria-Executiva e que inclusive chegaram a ser ministros interinos, como Silas Rondeau e Márcio Zimmermann trabalharam na dobradinha PT/PMDB no MME?
E também quem não se lembra que nos tempos de Edison Lobão, quem de fato mandava no MME, as vezes sem estar na estrutura do ministério, eram Maurício Tolmasquim e Nelson Hubner, os comissários do PT para a área de Energia. Eles é quem representavam o PT e davam as cartas no SEB. Mandavam e não pediam.
É apenas isso que o PT deseja de Alexandre Silveira: submissão total. Que se contente em ser ministro, que seja feliz em ser chamado de Excelência e que apenas deixe o PT governar através de um secretário-executivo indicado pelo partido. Que apenas fique bem comportadinho como titular oficial do MME, para não levar puxão de orelha da tia Gleisi, pois ela é muito brava.
Pelo seu próprio estilo pessoal de fazer política, aliás, nada indica que Silveira pretenda conduzir a Pasta em conflito com o Palácio do Planalto. Mas os sinais que ele emite indicam apenas que o ministro quer um pouco de ordem na confusão. E quer mostrar que quem manda no Bloco U da Esplanada dos Ministérios é ele e não ocupantes do Palácio do Planalto ou da Presidência do PT.