Light é prato feito para Tanure
Nelson Tanure, o famoso empresário baiano, ganhou enfim uma cadeira no Conselho de Administração da Light, na condição de controlador da gestora WTN.
O propósito desta Opinião do “Paranoá Energia” não é discutir exaustivamente a figura de Tanure, até porque o editor que a assina viveu maus momentos em uma empresa falida que passou a ser comandada por ele.
Reconhece, enfim, que não tem suficiente neutralidade para tratar desse item específico. Uma tese acadêmica definitiva sobre Tanure é para outro tipo de circunstância.
Isto não significa, entretanto, que não se possa escrever algumas linhas sobre o novo integrante do Conselho de Administração da Light.
Sem dúvida, Nelson Tanure é um dos grandes empresários mais incomuns não apenas da Bahia, mas de todo o País. Desde que começou a sua carreira no mercado financeiro, nos anos 80, onde adquiriu enorme experiência, e depois passou à carreira solo de investidor, Tanure nunca se interessou por empresas certinhas e arrumadinhas, zeradas no Serasa e possuidoras de certidões negativas de débitos fiscais.
Ao contrário, sempre direcionou a sua inteligência e estratégias agressivas de investidor para negócios complicados, na forma de empresas em dificuldades, inadimplentes com fornecedores, bancos, empregados, tributos, etc, mas que o seu faro indicava com grande potencial de valorização. Nesse quesito, Tanure é um campeão. E a sua chegada ao Conselho de Administração da Light é prova disso.
Ele já comprou de tudo, mas só estava interessado em empresas quebradas, com dificuldades de gestão e dívidas astronômicas. Especializou-se em aplicar políticas de pessoal às vezes impiedosas, jogar empréstimos bancários para a frente, pagar dívidas com enormes descontos.
É preciso tirar o chapéu e saudar Tanure, pois ele alcançou sucesso em quase todos os seus negócios. De Telecom à Educação, de Alimentos à Cultura, passando pela difícil área da Comunicação, que raramente dá dinheiro, mas dá prestígio e contribui para azeitar relações políticas. Também está em petróleo e gás natural. Como poucos, sabe manejar os cordões que levam ao sucesso. E sempre tem excelentes advogados à disposição.
É um gênio empresarial, que sabe arrumar as empresas, fazer um belo embrulho de presente e passar para a frente ganhando muito dinheiro. Seu valor precisa ser reconhecido, pois, como poucos, entende como funciona o mundo do dinheiro.
Discreto e avesso à divulgação pessoal, não tem nada que diga respeito ao tipo de capitalismo solidário e próximo de concepções religiosas. Ao contrário, parece estar mais perto dos “tycoons” que ajudaram a construir o capitalismo em meados do século 19.
Ainda não se sabe o que ele poderá fazer na Light, que, independentemente de Tanure ou não, é uma empresa que precisa perder muita gordura e precisa de uma urgente eficiência de gestão. Tudo isso para ontem. São duas situações em que Tanure já demonstrou que tem competência e sabe fazer, embora se possa naturalmente discordar dos seus métodos.
Não foge de uma briga boa no mundo empresarial, onde existem pessoas que certamente o admiram e outros que o odeiam. O fundamental é que ele já colocou os pés na distribuidora. E a Light não é uma empresinha qualquer do setor elétrico brasileiro. Não é uma empresa de fundo de quintal. É uma gigante na área de distribuição, atuando numa faixa de mercado que é tão polêmica quanto o próprio Tanure, que é a cidade do Rio de Janeiro.
Bem, nesse contexto, para quem gosta de enfrentar problema e provavelmente não deve sofrer de hipertensão, a Light é um prato feito para Nelson Tanure.
Sem entrar no mérito da sua “tecnologia” empresarial e sem querer buscar alguma comparação com outras figuras de destaque da Bahia, o fato é que Tanure certamente já tem o seu nome incluído na extensa relação de grandes nomes do empresariado baiano, no qual se destacaram e se destacam, em variados segmentos da economia e épocas diferentes, personalidades como Daniel Dantas, Emílio Odebrecht, Ângelo Calmon de Sá, Carlos Suarez, Clemente Mariani, Paulo Sérgio Tourinho e César Mata Pires, entre outros. Alguns, aliás, já falecidos. Mas todos com enorme destaque na economia brasileira como um todo em suas respectivas áreas.
Queiram ou não, Nelson Tanure chegou no topo do grupo.