PT continua hostil a Silveira
Estava redondamente enganado quem acreditava que o PT tinha desistido de cutucar o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que, de certa forma, é vítima do seu próprio sucesso.
Embora o ministro esteja tocando a Pasta sem prestar muita atenção no maior partido da coligação que sustenta o presidente Lula, o fato é que o maior partido não se esquece dele. E, se não pode ter Silveira fora do Governo, pelo menos quer travá-lo e dificultar a sua forma de se comunicar.
Como é do conhecimento geral, o ministro comeu o pão que o diabo amassou nos 100 primeiros dias de governo, devido à hostilidade aberta do PT, que pressionou de tudo quanto é forma para que o ministro não indicasse para cargos estratégicos do MME pessoas de sua confiança. A turma do PT não conseguiu o que queria e Silveira foi em frente.
O ministro está indo muito bem, obrigado. Sua Pasta é de alta complexidade técnica, mas ele é um homem público experiente e tem enfrentado com serenidade os problemas do dia a dia. Indicou um técnico qualificado para a Secretaria-Executiva e está cuidando da política energética. O ministro está particularmente interessado em saber como a agenda técnica do MME pode beneficiar o País e o Governo do presidente Lula.
Nesta terça-feira, para surpresa de todos os setoristas que cobrem diariamente o Ministério de Minas e Energia, a Comunicação Social informou que estava extinguindo um grupo de Whatsapp através do qual se comunicava com os jornalistas e que, nos próximos dias, a Comunicação será centralizada no Palácio do Planalto, num setor denominado Comunidade de Infra-Estrutura do Governo Federal no WhatsAPP. Ninguém sabe direito que comunidade é essa, mas esse é o nome que inventaram.
O que é a Infra-Estrutura do Governo Federal, que essa tal Comunidade pretende atender? Na visão deste editor, devem ser os ministérios dos Transportes, das Comunicações, do Portos/Aeroportos e de Minas e Energia.
Ora, está na cara que essa mudança está sendo montada simplesmente para travar a Comunicação do ministro Alexandre Silveira no Ministério de Minas e Energia.
A questão é simples de entender: com todo o respeito, tirando o titular do MME, que está a pleno vapor e tocando agora a agenda da transição energética no contexto do desenvolvimento econômico, seus três colegas das outras pastas ainda não disseram aos eleitores do presidente Lula o que estão fazendo na Esplanada. Os três estão devendo realizações.
Não se sabe muito o que fizeram até agora os ministros dos Transportes, das Comunicações e dos Portos/Aeroportos. Este editor confessa (e pede desculpas pela ignorância) que precisou recorrer ao Google para saber o nome do ministro das Comunicações, um tal de Juscelino Filho, um ilustre representante do Baixo Clero. Renan Filho é mais conhecido, pois foi governador de Alagoas, e Márcio França idem, pois teve protagonismo recente na política paulista.
De toda a área de Infra-Estrutura, o que único que vem conquistando algum destaque é Alexandre Silveira, que deu a volta por cima e está a mil por hora. Então, essa centralização só pode servir para prejudicá-lo, pois este é um velho sonho da cúpula do PT. Se não é possível atacar diretamente o ministro, que se centralize então a sua Comunicação, que é uma forma de cortar as asas de Silveira.
Partidos como o PT, que vivem do passado, têm mania de centralizar qualquer coisa. Normalmente, o resultado disso é ineficiência. É possível que, por disciplina, o ministro Silveira fique calado e deixe o caldo entornar. Mas está claro que só pode dar errado. É só pensar um pouco.
Há 30 anos, o então presidente Fernando Collor acabou com as três Pastas dos Transportes, Comunicações e Minas e Energia. Criou um só ministério, o da Infra-Estrutura. E cada pasta extinta virou uma secretaria do novo ministério.
Naquele tempo, a decisão tomada agora pelo Palácio do Planalto provavelmente se justificaria. Mas hoje, não. Por uma questão muito simples: os ministérios da área de Infra-Estrutura trabalham de forma descentralizada e a Comunicação será centralizada.
Qualquer jornalista iniciante percebe que será um caos, graças a algum gênio no Palácio do Planalto, que provavelmente nunca foi repórter na vida e não sabe como funciona na real o mundo do jornalismo em Brasília.
Em Brasília tem muito disso, em todos os partidos. Muito gênio que nunca foi repórter na vida, mas tem um diploma de jornalista ou algo parecido e por questões políticas vira chefe de alguma coisa e começa a encontrar soluções mágicas para a Comunicação do Governo, sem nunca ter ralado no dia a dia do setor, sem conhecer verdadeiramente como funciona o mundo do jornalismo.
São pessoas que até se esforçaram. Fizeram vários cursos, no Brasil e no Exterior, de Comunicação disso ou daquilo. mas nunca pegaram uma pauta e correram atrás da notícia. Não conhecem esse mundo em que se capta notícia.
Essa centralização agora anunciada é aparentemente produto dessa mania de genialidade e grandeza, que empolga uns pobres coitados que ganharam uma pequena fatia de Poder na vida e estão se esbaldando.
Este site não gostaria de ser profético, mas provavelmente vai dar tudo errado e não terá sido por falta de aviso.