Sobradinho perto de entrar no volume morto
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou nesta quarta-feira, 14 de setembro, que o reservatório de Sobradinho, o segundo maior do País em quantidade de água, deverá atingir seu volume morto até dezembro, por causa da grave situação hídrica que atinge a região Nordeste. “Estamos com dificuldade muito grande nos reservatórios do Nordeste. Isso é fato. Sobradinho deve zerar de fato neste ano e vai para o volume morto em dezembro”, disse.
Há três anos, Sobradinho, localizado nos municípios de Sobradinho e Casa Nova, na Bahia, sofre com escassez de água que afeta todo o Rio São Francisco. Em novembro do ano passado, no fim do período seco, o reservatório chegou à sua situação mais crítica, com volume de água correspondente a apenas 1,11% de sua capacidade total, situação que só passou a melhorar em dezembro, com o início do período chuvoso.
Na quarta-feira, dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão responsável pela coordenação e controle da operação da geração e transmissão de energia no País, apontavam que o reservatório, principal caixa d’água do Nordeste, registrava 12% de sua capacidade plena. No início de setembro, o ONS informou avaliar a possibilidade de reduzir a vazão de Sobradinho, de 800 para 700 metros cúbicos por segundo.
Nos cálculos do órgão, se for mantida a vazão atual de 800 metros cúbicos – já muito abaixo e fora dos padrões de 1.100 m³ exigidos pelo Ibama -, Sobradinho pode chegar a um resultado negativo de 15% de seu volume morto no fim do ano que vem. O assunto está em análise pelo Ibama e pela Agência Nacional de Águas (ANA). “Usaram os reservatórios mais do que o recomendável, na expectativa de chover, em 2013 e 2014”, comentou Coelho Filho.
O ministro disse que está avaliando a possibilidade de contratar uma obra para retenção da água do mar que entra no Rio São Francisco, a partir de sua foz, na divisa de Sergipe com Alagoas, situação que tem se agravado por conta do baixo volume de água do rio.
A falta de água no Nordeste também está comprometendo as operações de usinas térmicas a carvão instaladas no porto de Pecém, no Ceará, porque são unidades que usam muita água para resfriar suas turbinas. Há estudos em andamento para que essas unidades passem a usar água do mar. O governo do Ceará já admitiu a necessidade de ter de cortar o abastecimento dessas unidades ou aumentar o preço da água fornecida para as termelétricas.