E aí, Zema? Vai continuar enrolando na Cemig?
Maurício Corrêa, de Brasília —
A privatização da empresa paranaense Copel coloca pressão sobre a classe política do estado de Minas Gerais, que há anos fica enrolando com relação à privatização da Cemig. Os políticos mineiros sempre torpedearam qualquer proposta séria de transferir a empresa à iniciativa privada. Devem ter forte razão para esse tipo de comportamento.
Há muitas semelhanças entre as duas empresas no processo de desenvolvimento do Paraná e de Minas Gerais. Também há muitas semelhanças na forma como as classes políticas dos dois estados sugaram as empresas durante décadas.
O Paraná teve a coragem política de privatizar a Copel. Palmas para o governador Ratinho. Entretanto, o governador Romeu Zema, no seu estilo cheio de ambiguidades, nunca se sabe se é contra ou a favor, muito antes pelo contrário, continua onde sempre esteve em relação ao assunto, ou seja, em cima do muro. Haja medo de tomar uma decisão política.
Não é culpa apenas do atual governador, mas da classe política de Minas Gerais como um todo. Historicamente, deputados federais, deputados estaduais e senadores usaram a Cemig de tudo quanto é jeito que se pode imaginar. Era uma empresa modelo.
Como escreveu o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, ao se referir a sua terra, Itabira, hoje a Cemig é apenas um retrato na parede e como dói. Qualquer decisão que seja tomada pelo governador Zema já virá com vários anos de atraso.
A Cemig há 30 anos era uma das melhores distribuidoras do País, exatamente junto com a Copel. Ambas, aliás, simbolizavam duas das melhores escolas de engenharia elétrica do País, a mineira e a paranaense, em empresas de grande porte que possuíam perfis semelhantes, com distribuição, geração e transmissão.
No ranking das melhores empresas brasileiras do setor elétrico, hoje, a Cemig estaria próxima da zona de rebaixamento, comparando com um campeonato de futebol. A empresa desceu a ladeira violentamente.
Quem assumir a Cemig, hoje, terá muito trabalho pela frente.