Eduardo Braga deu o tom do discurso
Ministro político de uma Pasta técnica, Eduardo Braga não ficou se equilibrando no muro como se fosse um tucano e, nesta terça-feira, depois de ser recebido pela presidente Dilma Rousseff, deu o tom do discurso para os integrantes do PMDB que permanecem ao lado da presidente.
Em uma entrevista coletiva realizada no MME, ele foi categórico no apoio à presidente da República. Depois de afirmar que lamenta muito ver o PMDB no meio de uma discussão a respeito da permanência ou não da presidente Dilma Rousseff à frente da administração federal, Braga não economizou palavras para dizer que o seu partido tem “uma história com a democracia” e que o PMDB não tem perfil de golpista.
O ministro de Minas e Energia disse que o Brasil tem um sistema democrático consolidado, baseado no voto direto. E que é preciso “muito cuidado”, com esse sistema que sucedeu ao regime militar, “para não quebrar os pilares da Constituição”. Ele lamentou que o PMDB esteja no epicentro desses acontecimentos, mas, na sua visão, majoritariamente o partido se inclina “pela legalidade”, ou seja, não dá apoio à proposta de impeachment da presidente Dilma.
O posicionamento de Eduardo Braga reflete claramente o que pensam os integrantes do “PMDB da Dilma”. O ministro, que na Pasta de Minas e Energia acompanha uma questão técnica do setor elétrico chamada risco hidrológico, mostrou, com a sua declaração, que não foge do risco político e que não teme a atual aliança PT/PMDB.
Ele tem sido um ministro coerente, mas, antes de tudo, a sua manifestação aparentemente é compatível com algo que está ligado à estratégia pessoal de Braga não só dentro do PMDB, mas, também, dentro da própria coalizão do Governo. Ele nunca diz isso em voz alta, mas, dentro do PMDB, existem aqueles que entendem que o objetivo de Braga, no longo prazo, é fazer uma boa gestão à frente do MME para se credenciar, dentro do partido, a uma vaga de candidato à Vice-Presidência da República em uma eventual dobradinha com o PT em 2018, talvez junto com o ex-presidente Lula. Mas também pode ser com o ministro Jacques Wagner ou até mesmo com o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se ele se viabilizar eleitoralmente.
O ministro já percebeu, com apenas um ano à frente do MME, que a Pasta gera dividendos políticos, mesmo carregando uma herança difícil no setor elétrico (o populismo deixou o setor numa bagunça e tem muita coisa para ser colocada no lugar). Naturalmente, ele espera capitalizar resultados positivos para se gabaritar com vistas a 2018.
Quem provavelmente disputa espaço com Braga é a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que também sonha com vôos mais altos na política nacional. Mas, ao seu estilo, Eduardo Braga é uma liderança em ascensão dentro do PMDB e se a sua opção no momento for correta, ele dará um enorme passo para deixar de ser apenas um político de um estado periférico, para se tornar um dos novos donos do PMDB nacional.