Curva de produção tem que ser cumprida, diz Parente
Diante de uma plateia de fornecedores da Petrobras, o presidente da estatal, Pedro Parente, disse que apesar da preocupação da indústria local com a possibilidade de a empresa fazer contratações fora do País, a prioridade será entregar a produção projetada no plano de negócios.
“Sei que há uma preocupação com a contratação de equipamentos fora do País, mas é preciso que se entenda que a gente tem que cumprir a curva de produção”, afirmou em evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Questionado por um empresário se os próximos dois anos – em que a empresa pretende sanear suas finanças – serão de “pão e água” na cadeia produtiva, Parente disse que certamente serão anos em que haverá “austeridade e execução muito apertada”. A ideia, disse, é trabalhar nos primeiros dois anos do plano estratégico (2017 e 2018) para reduzir a alavancagem da companhia significativamente.
“Lamento, mas a gente tem que trabalhar esses dois anos para depois retomar a relevância da Petrobras como alavanca de investimentos e crescimento do nosso País”, disse. Na apresentação ao mercado, Parente voltou a dizer que a Petrobras não é contrária a uma política de conteúdo local, mas que a empresa não pode ser penalizada com atrasos. “Não podemos ser prejudicados por uma política que está mal desenhada e precisa de aperfeiçoamento”, disse.
O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, voltou a frisar a capacidade de realização do novo plano de negócios da companhia, que permitirá o pagamento de dividendos aos acionistas. Segundo ele, o plano indica que a estatal irá “sempre praticar preços decisivos para a geração operacional de caixa”. A política, associada ao plano de desinvestimentos e parceria, é decisiva para as metas de alavancagem, segundo o executivo.
“Vamos sempre praticar preços decisivos que vão auxiliar na geração operacional de caixa da companhia. Para que seja o mais robusto possível, tem que ter maior eficiência em seus custos e gastos. Depois, virá o programa de parceria e desinvestimentos. Dali virá a grande contribuição para redução da alavancagem”, disse o diretor em sua apresentação na Firjan.
Monteiro ressaltou que o plano de desinvestimentos não é um “evento”, mas uma política incorporada à estatal para reproduzir os ganhos já obtidos na área de exploração e produção em todos os segmentos. O executivo destacou também que agora a companhia tem “clareza” sobre suas prioridades, mas que precisa de “disciplina” para executar o plano tal qual projetado.
“Hoje temos uma definição clara da prioridade da companhia, que é o pré-sal. Mesmo ele tem que ser feito dentro do que foi planejado dentro do passado. Que haja enorme disciplina dentro da execução dos projetos, para quer aquilo que pensou e informou ao mercado sobre retorno ao capital investido seja efetivamente entregue”, frisou.
A disciplina de custos e execução de projetos permitirá que a empresa volte a gerar resultado e dividendos aos acionistas. “Se formos bem sucedidos, e seremos, teremos tranquilidade para gerar as oportunidades para realizar US$ 74 bilhões em investimentos somente na Petrobras, mais as possibilidades agregadas de US$ 40 bilhões. Esse programa de investimento tem toda condição de ser executado, com a empresa saudável, gerando impostos e dividendos aos acionistas”, frisou.
Monteiro ainda destacou que a transparência e previsibilidade são valores da companhia para resgatar a credibilidade junto aos investidores. Ele afirmou também que o plano de desinvestimento, orçado em US$ 19 bilhões, é uma “imensa oportunidade e declaração de humildade” da empresa.
“A Petrobras não sabe tudo e precisa de parceiros e colaboração. Esse é o espírito que vamos levar. Precisamos de ajuda e vamos fazer e executar os projetos juntos e trazer os melhores resultados para a sociedade. Não adianta nada se o petróleo ficar no fundo do mar”, afirmou o diretor financeiro.
O diretor financeiro resumiu a premissa da nova gestão: mais do que a preocupação em produzir, a companhia precisa ser rentável. Em reunião com empresários e industriais do Rio, o executivo destacou que a diversidade de áreas em que a companhia atuava “atrapalhou” o foco da empresa.
“Não temos que ser uma companhia que só se preocupe em produzir, temos que ser uma companhia que se preocupe em ser rentável. A produção não é um fim em si mesmo”, frisou Monteiro, em resposta aos participantes do encontro.
Monteiro destacou que, quando a atual diretoria chegou ao comando da empresa, não havia a perspectiva de apresentação de um balanço financeiro, em função das revelações da Operação Lava Jato. A situação afetou a percepção do mercado sobre o risco de execução dos projetos da companhia.
“Temos atividades em diversas áreas e a diversidade atrapalhou a empresa, por que ela perdeu o foco. A rentabilidade de vários projetos em que entramos é zero. Se pegar refinarias, como o Comperj, não tem retorno”, resumiu o diretor. “Encontramos um mercado muito apreensivo”, completou.
Monteiro sinalizou que a empresa, agora, tem um melhor modelo de gestão e acompanhamento dos investimentos para garantir a disciplina de execução dos projetos, mesmo com riscos relacionados à variação de preço de petróleo.
“Esses riscos existem, existiram no passado e existirão no futuro. A forma como você monitora, acompanha os riscos, dando responsabilidade, isso é o mais importante”, concluiu.