Hora de dizer adeus ao buscapé
Os programas computacionais de formação de preços no setor elétrico continuam a sua trajetória errante. Parecem um buscapé, aquele tipo de fogo de artifício utilizado nas festas juninas, que não têm direção e assustam as pessoas que se divertem em torno da fogueira.
Nesta quinta-feira, 28 de setembro, os programas se mostraram tão inconsistentes, que levaram o PLD a variar novamente do valor mínimo ao valor máximo. O mercado fica inseguro e existem mil razões para isso. Durma-se com essa confusão.
Refletindo sobre a absoluta inconsistência dos programas computacionais este editor começa a imaginar que eles são mantidos por uma única razão: deixam o Operador numa situação de conforto, pois tiram a culpa do Operador.
Se alguma coisa sair errada, como acontece praticamente todos os dias, a culpa não pode ser atribuída ao Operador e, sim, aos programas.
Então, é muito fácil botar a culpa nos programas. E o Operador ainda conta com o respaldo de uma comissão do Ministério de Minas e Energia chamada Cpamp que homologa tudo isso. E assim segue o mercado elétrico brasileiro, que, pode ser tudo menos mercado.
Os chamados modeleiros, que são os técnicos que acreditam piamente nesses programas computacionais, da mesma forma que se acredita num dogma religioso, estão muito nervosos e preocupados com a opinião emitida por este editor, que é frontalmente contra a existência desses programas.
Um desses modeleiros, meio desesperado, entrou em contato com o site “Paranoá Energia” e mandou o editor estudar para “parar de escrever asneiras”. Seria trágico se não fosse cômico. O “Paranoá Energia” é um site muito pequeno, que não incomoda ninguém, ainda mais os poderosos que mandam no setor elétrico brasileiro.
Esses modeleiros são muito preparados tecnicamente e isso é indiscutível. O problema é que estão tão envolvidos emocionalmente com essa linha de trabalho que não conseguem pensar que o mercado poderia se desenvolver de outro jeito, com mais simplicidade e sem a parafernália matemática que causa apenas confusão e sufoca a essência do próprio mercado, que é saber comprar e vender, no caso energia elétrica.
Este editor tem esperança que um dia os especialistas do setor elétrico brasileiros possam concluir que todo o arcabouço técnico que envolve a formação de preços da energia elétrica no Brasil é uma imensa bobagem e que já está passando da hora de partir para outro tipo de normatização.
Apesar do intenso lobby dos gênios matemáticos que ganham muito dinheiro ao obrigar o Brasil a praticar essa geringonça, esse modelo baseado em programas computacionais já deu o que tinha que dar e está mais furado do que queijo suíço. Hora de dizer adeus.