Cresce número de municípios que dizem não ao “fracking”
Da Redação, de Brasília (Com apoio da Coesus) —
Em menos de uma semana, mais duas cidades do Paraná aprovaram por unanimidade projetos de lei que proíbem extração do gás de xisto por fraturamento hidráulico. Nesta terça-feira, 27 de setembro, vereadores de Cornélio Procópio, cidade localizada no Norte do Paraná, aprovaram por unanimidade, em segunda discussão, proposta que proíbe a extração de gás de xisto do subsolo através da técnica do fraturamento hidráulico – mais conhecida como “fracking”. Na sexta-feira, 23 de setembro, os moradores de Iporã, no Noroeste do Estado, também puderam comemorar a proibição do “fracking”, uma tecnologia altamente poluente, grande consumidora de água e que ameaça a saúde de pessoas, animais e o meio ambiente como um todo. Na próxima semana, o total de municípios que baniram o “fracking” deverá atingir um número bastante expressivo: 180 em todo o País.
“Desde fevereiro deste ano a região de Cornélio Procópio vem sendo abordada pela mineradora Global, que faz sondagens para tentativa de extração de gás de xisto em diversos locais. Por inciativa e sugestão da sociedade civil organizada, o projeto foi proposto e a votação resultou na aprovação da lei por unanimidade, tamanha a preocupação da cidade com a destruição causada pelo “fracking”, afirmou a professora Izabel Cristina Marson.). Integrante do Conselho de Cultura de Cornélio Procópio, Izabel fez uso da tribuna para apresentar as ameaças da técnica em diversas partes do mundo, como já ocorre na Argentina, e respondeu a dúvidas dos vereadores sobre o assunto. J
Assim como Maringá e Arapongas, que também aprovaram recentemente a proibição do faturamento hidráulico, Cornélio Procópio ainda não teve o subsolo leiloado pela Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP), mas decidiu banir o “fracking” antes que isso acontecesse. O intuito é antecipar e garantir a proteção do meio ambiente, das reservas de água, da produção de alimentos e da saúde da população e animais.
No município de Iporã, a articulação entre Prefeitura e Legislativo, coordenada pela campanha Não Fracking Brasil com o apoio da Cáritas Paraná, fez com que os vereadores aprovassem por unanimidade a mensagem do Executivo. O PL que proíbe a extração do gás de xisto por fraturamento hidráulico, de autoria do prefeito Paulo Roberto da Silva (PSDB), será sancionado nos próximos dias, tornando a cidade mais um território livre do “fracking”.
“A indústria do hidrocarboneto tenta persuadir as pessoas de que não existe movimento contrário ao “fracking” e outras práticas extremamente nocivas. Mas nossa força é maior, e juntos conseguiremos banir permanentemente essa ameaça ao país. É fundamental que a população esteja informada e que haja sinergia entre os diversos setores da sociedade. Destaco também a importância do papel de articuladora e mobilizadora que a Igreja Católica, através da Cáritas e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, vem desempenhando”, defendeu Juliano Bueno de Araujo, coordenador de campanhas climáticas da 350.org Brasil e fundador da Coesus – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida.
O município paranaense de Paraíso do Norte também já caminha para a proibição da prática de modo preventivo, uma vez que ainda não teve seu subsolo leiloado pela ANP. Na última semana foi realizada uma palestra, articulada pela Igreja Católica, que reuniu mais de 200 pessoas, dentre moradores, professores, estudantes, agricultores, gestores públicos e parlamentares, além da presença de representante do Ministério Público (MP) local, para debater os riscos do “fracking”. A campanha Não Fracking Brasil, coordenada nacionalmente pela Coesus e 350.org Brasil, já realizou mais de 1.100 palestras em 400 cidades de 15 estados brasileiros, mobilizando mais de 7 milhões de pessoas.