Aneel dá sobrevida aos preços por computador
Maurício Corrêa, de Brasília —
Com praticamente um mês de antecedência, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deu um presente de Natal para os gênios matemáticos do Cepel e do ONS, para os consultores que ganham muito dinheiro com essa história e para um sem-número de agentes do mercado que não sabem calcular preços de compra e venda de energia elétrica, aprovando, nesta terça-feira, 28 de novembro, o regulamento que muda critérios e procedimentos para elaboração do Programa Mensal da Operação Energética (PMO) e para a formação do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD).
Embora seja revestido de todo um blá-blá-blá pretensamente técnico, a decisão da Aneel na prática significa que foi dada uma sobrevida aos programas computacionais que calculam os preços da energia elétrica no Brasil. Ao mesmo tempo, a agência assinou algo que poderia ser visto como um atestado de incompetência para o setor elétrico brasileiro em geral, dizendo mais ou menos o seguinte: “Vocês não sabem comprar e nem vender energia elétrica. Então, é por isso que utilizamos os preços definidos pelos computadores”.
Segundo a Aneel, o propósito é proporcionar mais previsibilidade e transparência aos processos de elaboração do PMO e de formação do PLD. Na essência, é um atestado de burrice.
Os gênios matemáticos do Cepel e do ONS estão felizes, pois garantem os seus empregos muito bem remunerados. Os consultores mais ainda, pois suas maravilhosas faturas também estão garantidas. E os agentes de mercado, no seu comodismo, fingem que não é com eles e também estão felizes pois vão continuar brincando de PLD.
Enfim, é o Brasil. Ninguém reclame depois.