Com COP ou sem COP, Dubai é uma festa (cara)
Maurício Corrêa, de Brasília —
Este site se interessa por assuntos de energia em geral, sem preconceitos. Pode ser nuclear, carvão, térmicas a óleo ou de qualquer outro tipo, grandes ou pequenas hidrelétricas. Não tem essa. O site “Paranoá Energia” não demoniza nenhuma forma de geração e se esforça para tratar todo mundo de forma equilibrada.
Mas o “Paranoá Energia” não é um veículo de comunicação da área de meio ambiente. Isso é outro departamento. Existem veículos especializados, que cuidam dessa área com competência. Logicamente, a área de energia se relaciona com o meio ambiente, pois não tem como tratar a energia de forma isolada. Qualquer tipo de geração, por mínimo que seja, causa algum impacto no meio ambiente.
É por isso que, tendo recebido dúzias e dúzias de materiais informativos sobre a COP 28, que se iniciou nesta quinta-feira, em Dubai, se arrisca a dar um palpite, mesmo entendendo pouco do assunto.
Pelo material recebido, observa-se que o Brasil comparece nessa COP com a sua maior delegação. São quase 2,4 mil participantes brasileiros, integrando delegações de todos os tipos: Governo Federal, governos estaduais, governos municipais, Poder Judiciário, Câmara dos Deputados, Senado Federal e talvez até assembleias legislativas estaduais e câmaras municipais. Também participam associações empresariais, organizações de defesa do meio ambiente (é óbvio) e por aí. Um verdadeiro frenesi, muita gente do Brasil interessada na defesa do meio ambiente. É muito interessante descobrir isso.
Além do presidente Lula, 16 ministros estão em Dubai, bem como os presidentes do STF, Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Segundo uma ONG participante do evento, o Brasil é o sexto maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Indonésia. O desmatamento é responsável pelos maiores impactos ao meio ambiente no Brasil.
A pergunta que se faz: justifica-se tamanho interesse pela reunião de Dubai? Este editor acredita que não. Ao contrário, embora reconheça a necessidade de o Planeta Terra cuidar melhor de si mesmo, o que significa mobilizar políticos, empresários e a sociedade em geral, ao que parece eventos como essa COP se transformaram numa espécie de “happening” e viraram uma espécie de parque de diversões ou esses gigantescos festivais de música que duram vários dias.
É verdade que existem aqueles que levam uma COP a sério e são muitos. Para para muita gente é fundamental estar na COP porque é simplesmente fundamental estar na COP. Se você se considera importante e não vai a COP, o seu mundo desmoronou. Você tem que estar lá, tirar uma foto em algum lugar e colocar nas redes sociais. Se puder chegar e sair de Dubai numa classe executiva, melhor ainda. Se for de primeira classe, Deus Pai, aí é bom demais.
Além disso, todo mundo sabe que Dubai é um lugar muito caro, surgindo assim praticamente do nada, no meio do deserto, para lavar dinheiro do mundo inteiro, principalmente das máfias que existem por aí, inclusive a nossa. Chegar lá, para um brasileiro, é caro. Estar lá, é mais caro ainda, pois todo luxo que se vê em Dubai tem um preço que não é para um que tenha saído de um país lascado da América do Sul como o Brasil.
Obviamente, é possível que essa magnífica oportunidade de estar em Dubai esteja sendo financiada pelo Poder Público ou empresarial, mundo acadêmico, ONG´s, etc. Alguém com certeza está pagando a conta. Muitos desses 2,4 mil que saíram do Brasil não estão enfiando a mão no bolso para pagar as despesas da viagem a Dubai.
É possível, sim, que saia alguma coisa coisa relevante ao final dessa COP 28. Mas este editor, que já está mais prá lá do que prá cá e já participou de muita reunião desse tipo em vários países, não bota muita fé, não. Acredita que a COP é, apesar das boas intenções, mais uma viagem de turismo e negócios, onde o lobby rola solto. E o divertimento mostra o seu esplendor.
E, para quem não está fazendo nada e teve a oportunidade de fazer um turismo em Dubai, com transporte, hotel e alimentação pagos, é melhor relaxar. Não custa nada aproveitar os dias e dar um passeio, conhecendo o Burj Khalifa, a fonte luminosa, o Hotel Atlantis (pelo menos a parte externa) ou o Mall dos Emirados. Também é possível fazer um safári no desert0 e jantar em bons (e caros) restaurantes localizados na Marina.
Dubai é uma festa, principalmente a noite. Aproveitem as férias.