Brasil ganha na COP prêmio “Fóssil do Dia”
Da Redação, de Brasília (com apoio do Instituto ClimaInfo) —
O Brasil recebeu, nesta segunda-feira, 04 de dezembro, o prêmio “Fóssil do Dia” na COP28. O “prêmio” é concedido todos os dias pela Climate Action Network (CAN) ao país que se destaca por estar “fazendo o máximo para alcançar o mínimo” em termos de progresso nas mudanças climáticas.
O CAN destacou o anúncio da adesão do Brasil à Opep+ no primeiro dia da conferência e afirma que o país parece ter confundido a produção de petróleo com liderança climática, ressaltando que a corrida do país pelo petróleo mina os esforços dos negociadores brasileiros em Dubai, que estão tentando quebrar antigos impasses e agir com urgência.
“Brasil, não queremos um tour pelos campos de petróleo quando estivermos em Belém em 2025. E, se vocês só querem se juntar a clubes, podemos sugerir que sigam o exemplo do vizinho, Colômbia, e se inscrevam no Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis em vez da Opep+”, diz a organização.
Eis alguns exemplos da reação de representantes da sociedade civil:
- Claudio Angelo, coordenador de política climática do Observatório do Clima:
“Ao reduzir o desmatamento em 22% em apenas 11 meses no cargo, o presidente Lula deu uma das contribuições mais significativas para mitigar o aquecimento global em 2023. Porém, com um grande poder vem uma grande responsabilidade. Não se pode liderar o Sul Global contra a crise climática investindo no produto que a provoca.”
- Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa:
“O Brasil veio à COP28 para recuperar sua credibilidade e se posicionar como liderança climática global. Nossos negociadores estão defendendo com unhas e dentes o objetivo de limitar a temperatura em 1.5 °C. Mas queimaram nosso filme com o combo de leilões de mais de 600 blocos de petróleo, a entrada na Opep+ e potencial anulação dos resultados de mitigação de florestas pela exploração fóssil.”
- Alexandre Prado, líder de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil
“Embora o Brasil almeje o protagonismo climático, sua postura contraditória ao entrar na OPEP+ reduziu os trunfos angariados com a redução do desmatamento e os planos e políticas climáticas anunciados. A premiação deixa claro que a imagem do Brasil não está tão boa como esperado e é um sinal de alerta para todo o mundo sobre o real comprometimento do país que sediará a COP 30, quando todos os países deverão apresentar novos compromissos de corte nas emissões. O mundo todo olhava para o Brasil com esperança de ter um novo líder climático e a turnê petroleira que o governo fez a caminho de Dubai foi um duro golpe nessa esperança”.