A Cpamp está morta. Será?
Tem muita gente aparentemente sem ter o que fazer na área institucional do setor elétrico brasileiro. Se o ministro Haddad está com dificuldade para cortar custos e adaptar as receitas às despesas, basta dar uma olhadinha para o SEB, pois encontrará espaço para diminuir gastos. Tem muita gordura na área do ministro Alexandre Silveira, aguardando uma boa lipoaspirada.
Pelo menos é o que dá a entender a videoconferência organizada pelo Ministério de Minas e Energia, nesta quinta-feira, 25 de julho, às 10 horas, com participantes de alto nível do próprio MME, a Aneel, a CCEE, a EPE e o ONS. Sem qualquer exagero, a elite do setor elétrico brasileiro na área institucional.
O objetivo da videoconferência foi realizar o funeral de algo que nunca deveria ter existido, a tal Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico, a famosa Cpamp. Foi a última reunião plenária da Cpamp, que, como todas as demais reuniões presenciais ou por videoconferência realizadas durante a sua existência, nunca teve qualquer importância.
A Cpamp foi uma bobagem criada em fevereiro de 2008, com objetivo de “garantir a coerência e a integração das metodologias e programas computacionais utilizados pelo MME, pela Empresa de Pesquisa Energética- EPE, pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE”.
Ora, na visão deste idoso editor, os tais programas computacionais que formam preços no setor elétrico brasileiro não servem para nada. Então, a Cpamp serviu apenas para garantir a coerência e a integração do nada com coisa alguma. Em bom português, uma absoluta inutilidade da burocracia federal.
Essa comissão, por incrível que pareça, existiu durante 16 anos. Teve coordenadores, subcomissões, viagens prá lá e prá cá, um blá-blá-blá tecnocrático de primeira linha. Apenas burocracia, obviamente irrigada com gastos do Estado e dos agentes. Como outras coisas inúteis que existem no setor elétrico brasileiro, apenas uma fonte de custos para os consumidores. Afinal, são eles que bancam essa inutilidade toda.
A Cpamp merecia e teve um funeral de gala. À videoconferência da última plenária compareceram 33 servidores qualificados do MME, Aneel, ONS, EPE e CCEE. Entre eles, vários integrantes do alto escalão das organizações. São pessoas que ganham muito bem, cuja hora de trabalho custa caro.
Entretanto, todos consideraram altamente relevante para o SEB participar da última plenária da Cpamp e colocar também uma pá de cal na comissão. Será que ninguém tinha nada mais importante para fazer no horário? Provavelmente, não.
O MME, por exemplo, esteve representado pelos três principais assessores do ministro Alexandre Silveira na área de energia elétrica: Gentil Nogueira de Sá Junior, Fernando Colli Munhoz e Rui Guilherme Altieri Silva.
A CCEE participou com nada mais e nada menos do que dois integrantes do Conselho de Administração: Alexandre Peixoto e Ricardo Simabuku Takemitsu. O ONS igualmente pelo diretor-geral Marcio Rea e pelo diretor Christiano Vieira da Silveira. A lista de participantes se completa com outros nomes relevantes da área institucional do SEB.
Este editor tem sido um declarado adversário de bobagens do tipo da Cpamp e dos programas computacionais do SEB e talvez tenha se entusiasmado um pouco com a realização da última plenária da comissão.
É possível que ela esteja apenas mudando de endereço e a forma de atuação, pois o próprio documento que enterra a Cpamp no MME indica que as suas atividades a partir de agora serão conduzidas dentro da Aneel. Ou seja, muda, mas não muda, pois a burocracia federal tem forças que os mortais comuns não imaginam sequer que possam existir.
Ou seja, como os programas computacionais continuam a existir, para a alegria dos consultores e especialistas neste assunto, e a Cpamp vai permanecer com outro nome, a luta continua. Vamos em frente.