Europa se curva à pressão americana para EVs
A Comissão Europeia – braço executivo da União Europeia (UE) – revisou as tarifas sugeridas para veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) importados da China, no que classificou como um “passo intermediário” das investigações anti subsídios, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira, 20. Dentre as empresas listadas, a Tesla terá a menor taxa em relação as concorrentes chinesas.
O documento determina um pequeno ajuste para baixo nas tarifas da BYD (de 17,4% a 17%), da Geely (de 19,9% a 19,3%) e da SAIC (de 37,6% a 36,3%). De acordo com a Comissão Europeia, esse ajuste considera a cooperação das empresas durante o processo de investigação e, por enquanto, é apenas um rascunho das taxas propostas. Outras empresas chinesas que cooperaram com a investigação terão taxa de 21,3% e todas as empresas que não cooperaram serão taxadas em 36,3%.
Já a Tesla, que tem parte de sua produção sediada na China, teve as taxas revisadas de 20,8% para 9%. A Comissão Europeia decidiu “conceder um direito a taxa individual” para a empresa americana como uma exportadora da China.
O órgão europeu também determinou a possibilidade de diversas exportadoras da China e joint ventures com produtores da UE se beneficiarem de tarifas mais baixas, devido a cooperação e pausa nas exportações durante o período de investigação.
A Comissão Europeia esclareceu que a decisão não “coletará taxas de modo retroativo” e que, como rascunho, está sujeita a nova revisão, após comentários das partes envolvidas.
Após o anúncio, a ação da Tesla subia 1,11% no pré-mercado em Nova York, enquanto o American Depositary Receipt (ADR) da Geely avançava 1,37%, às 8h26 (de Brasília). Já o ADR da BYD avançava 0,16%.
China critica decisão
O Ministério do Comércio da China criticou a revisão de tarifas sugeridas pela União Europeia (UE) para veículos elétricos produzidos no país e exportados para o bloco. Segundo porta-voz do ministério, a medida baseou-se apenas em fatos determinados unilateralmente pela parte europeia, desconsiderando os reconhecidos por ambos os lados, e ainda impõe tarifas elevadas, distorcendo resultados da investigação para discriminar diferentes tipos de empresas chinesas.
“A China opõe-se firmemente a isto e está altamente preocupada”, disse o representante do Ministério do Comércio, em declaração realizada nesta terça-feira. O órgão chinês reiterou que a investigação anti subsídios europeia viola os princípios de “objetividade, justiça, não discriminação e transparência”, e que está fora de conformidade com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O porta-voz da segunda maior potência mundial fez um alerta para que a UE encontre um acordo com a China e “acelere as discussões sobre soluções adequadas”, para que sejam evitados atritos comerciais. “A China tomará todas as medidas necessárias para defender resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, afirmou.