No ONS, chamem o Christiano
Maurício Corrêa, de Brasília —
Quem acompanha os trabalhos diários do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) percebe, sem qualquer dificuldade, que o diretor de Operações, Christiano Vieira, vem, a cada dia que passa, ocupando espaços que, tradicionalmente, eram reservados ao diretor-geral do órgão. Se tem alguma razão de saúde que leve a isto, este editor se desculpa desde já com as pessoas eventualmente envolvidas.
A questão é relativamente simples de ser entendida. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, indicou para a diretoria colegiada do Operador nomes tecnicamente desqualificados para a área, que é complexa. Aí, quando chega a hora de alguém ter que se manifestar sobre questões específicas da Operação, quem é escalado? Christiano Vieira.
Este editor conhece Vieira, profissionalmente, há muitos anos. Durante muito tempo trabalhou na Aneel, onde foi assessor técnico da diretoria e superintendente. Também foi secretário nacional de Energia do Ministério de Minas e Energia. Ou seja, entende do que fala, pois conhece o sistema elétrico como poucos, entre as autoridades do setor elétrico brasileiro. De trás prá frente e de cima para baixo.
Pessoalmente, é um tanto tímido, razão pela qual este editor ousa apostar que, ao falar em nome do ONS, Vieira não está atravessando o caminho de ninguém por vontade própria e provavelmente está apenas cumprindo um dever funcional. E se tem alguém que pode falar ao público sobre questões intrincadas da Operação é ele, até porque é o diretor de Operação do ONS.
É curioso, pois na trajetória de Vieira está se repetindo um fenômeno que acontecia nos seus tempos de MME. Em eventos públicos, quando a questão era técnica e quem deveria falar era a secretária-executiva, Marizete Pereira, quem se pronunciava em nome do MME era Christiano Vieira. A situação era compreensível, pois a sra. Marizete é especialista em Contabilidade e nunca teve muita intimidade com os aspectos técnicos mais complexos da energia elétrica.
Se você, caro leitor, acha que leu errado, não se preocupe. Não tem nada errado com você. Você leu certo, pois é assim mesmo que, em muitos casos, funciona a administração federal e órgãos vinculados, como o ONS. Ministros são incompetentes, secretários-executivos são incompetentes, diretores indicados são incompetentes, e, em muitas vezes, a competência é encontrada apenas no terceiro escalão, onde se encontram os técnicos que carregam o piano. E toda essa incompetência, obviamente, é generosamente alimentada por dinheiro público, ou seja, por impostos, ou seja, pelo nosso dinheirinho tão difícil de ganhar.