Cadeia para os responsáveis é pouco
Maurício Corrêa, de Brasília —
A história contada na manchete de hoje do “Paranoá Energia” (matéria produzida pela Agência Estado e disponibilizada neste site sob contrato) é tocante e, ao mesmo tempo, revoltante. Depois disso, já nem é relevante discutir se a Enel deva ou não perder a concessão. É lógico que deve, mas essa história da manchete é muito mais assustadora.
Há muitas tragédias contadas no atual apagão da Enel em São Paulo. Idosos que dependem da insulina perderam o medicamento por falta de refrigeração. Centenas de comerciantes perderam seus estoques de alimentos. Centenas de empreendimentos fecharam as portas por não poder atender a clientela. Milhões em algum momento ficaram sem internet ou celular. Centenas de hipertensos arriscaram as vidas ao subir e descer muitos andares, por falta de elevadores. Enfim, é uma tragédia só.
Mas nada se compara à história dessa senhora, que, para salvar a filha possuidora de doença rara, teve que fazer uma “gambiarra” conectando um aparelho em casa ao veículo, para ter alguma energia. Emocionante e revoltante.
Este site não sabe se é o caso, mas é em momentos como este que poderia aparecer um integrante do Ministério Público e pedir a prisão imediata de todos os responsáveis pela crise da Enel em São Paulo.
A história é uma síntese das sacanagens diárias que estão acontecendo em São Paulo. Tá todo mundo no mesmo balaio: Enel, Aneel e MME. Todo mundo tirando os seus da reta e jogando a culpa para cima de outros, porque numa hora dessas ninguém quer ser o pai da criança. Ninguém quer assumir a própria irresponsabilidade.
Se fosse todo mundo em fila indiana para o xilindró, a população de São Paulo não ficaria chateada. Todos eles merecem.