Coesus discute “fracking” em Buenos Aires
Este site está atento e tem acompanhado a articulação política que envolve a luta contra a utilização da técnica denominada “fracking” na extração de gás natural no subsolo de países da América do Sul. Até agora, o movimento estava presente basicamente no Brasil, mas já começa a se espalhar pelos países vizinhos, com forte apoio da ala esquerda da Igreja Católica.
No dia 1º de dezembro, por exemplo, houve uma reunião de cinco horas nas dependências do Congresso Nacional, em Buenos Aires, naquele que já foi o segundo encontro internacional sobre “Mudanças climáticas e crise ambiental: os perigos do fracking e as alternativas para a América Latina” (o primeiro foi realizado há pouco tempo, em Montevidéu). Participaram parlamentares, líderes religiosos, ambientalistas, lideranças indígenas e comunitárias da Argentina, Brasil, Uruguai, Equador e Colômbia.
A Argentina foi uma razão óbvia para a realização do encontro, pois o “fracking” vem sendo utilizado na exploração do campo de Vaca Muerta, com impactos considerados alarmantes na principal atividade econômica da região, que é a agricultura. O senador argentino Fernando Pino Solanas, presidente da Comissão de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, participou do evento e disse que seu país está sendo utilizado como projeto piloto para a exploração de gás não convencional, com graves consequências para as águas e para o clima. “É uma batalha, uma guerra longa que temos à frente, mas que devemos lutar”, disse o congressista.
Juliano Bueno de Araújo, coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e fundador da coalizão Coesus, que promove a articulação contra o “fracking” no Brasil, também destacou a segurança alimentar como fator determinante para unir uma frente multissetorial contra essa técnica. “Considerando que os países latino-americanos têm na agricultura a base de suas economias, é fundamental assegurar que a indústria agrícola esteja livre de contaminação. Sendo assim, o banimento do Fracking no continente não só irá proteger a saúde das pessoas, animais e do meio ambiente, como também garantirá competitividade aos produtos no mercado internacional”, defendeu Juliano.
Ainda do Brasil, esteve em Buenos Aires Reginaldo Urbano Argentino, coordenador para Desinvestimento da 350.org e Presidente da Cáritas Paraná, que citou a ‘Laudato Si’ do Papa Francisco que conclama a todos a cuidar da Casa Comum e tudo o que há nela, através de novas atitudes, ação coletiva e luta comum para fazer do planeta um lugar melhor. “O clima é um bem comum e está seriamente ameaçado pelo desenvolvimento e o uso intensivo dos combustíveis fósseis”, disse Reginaldo. (Com apoio da Coesus e 350.0rg)