Enel SP e Neoenergia DF: farinha do mesmo saco
Os consumidores de energia elétrica de Brasília precisam reconhecer: a distribuidora local, a Neoenergia, faz um esforço danado para se colocar entre as piores do Brasil, disputando palmo a palmo com a Enel SP, que, no caso, é uma espécie de “hors concours”. O título é praticamente dela e faz de tudo para que outras distribuidores nem cheguem perto.
Este domingo, 22 de dezembro, sob o ângulo do suprimento de energia elétrica na região do Lago Norte, em Brasília, será inesquecível. Não teve a menor importância se você tinha convidados especiais de outra cidade para almoçar na sua casa ou se você reservou o dia para trabalhar duro na internet. Pelo menos uma parte do Lago Norte ficou sem energia de 12h30m até às 17h30m, ou seja, cinco longas horas. Deus Pai.
O trabalho da Neoenergia não é mesmo um colosso? É verdade que choveu durante todo o tempo, mas apenas uma chuva intermitente e bem leve, do tipo para molhar a grama. Nada de raios ou trovões. Assim mesmo, a Neoenergia fez questão de comparecer e dar a sua contribuição para estragar o domingo dos seus consumidores que vivem na região.
Este editor já foi, na juventude, um inflexível defensor da estatização, pois fazia parte, com muita honra por sinal, do movimento comunista. Depois, com o fim do comunismo (alguns alucinados da extrema direita ainda acham que isso existe e ficam falando besteiras por aí), o discurso pró-estatização perdeu naturalmente os seus adeptos e este editor foi se adaptando aos novos tempos.
Hoje, é conscientemente um defensor total da privatização da economia. No caso específico do setor elétrico, saudou a privatização e passou a defendê-la, inclusive com a existência forte e saudável da Aneel, que deveria ser uma agência reguladora para vigiar os agentes do setor.
No SEB, o Brasil fez uma coisa meio sem sentido. Privatizou os serviços de distribuição, mas manteve a Aneel na rédea curta, cortando o seu orçamento todos os anos. A Aneel só fala grosso com pequenos empreendedores. Com os grandes, ela vira um gatinho e apenas mia.
É por isso que nós, consumidores brasileiros, temos que passar pelo sofrimento de ser atendidos por picaretas internacionais da área de energia elétrica, como empresas italianas e espanholas.
A Enel é uma empresa enorme da Itália e a Neoenergia Brasília é uma empresa controlada por uma gigante da Espanha. Mas ambos atuam com base na filosofia de fundo de quintal, sem qualquer respeito pelo cliente. É uma herança dos tempos passados. A Espanha foi um império colonial durante séculos e a Itália, sob Mussolini, tentou erguer um império meio fajuto na África.
Tanto a Enel quanto a Neoenergia Brasília se derramam nas palavrinhas mágicas: inovação, transparência, transição energética, desenvolvimento sustentável, modernidade, blá-blá-blá, etc. No fundo, é tudo apenas discurso para enganar a clientela, pois a prática do serviço é a pior possível, sem qualquer responsabilidade ao atendimento das pessoas que pagam as suas contas e apenas querem ter luz em casa.
É verdade que, nem de longe, a situação de Brasília é comparável à de São Paulo. Na principal cidade do País, praticamente na véspera do Natal, hoje, cerca de 18 mil consumidores estão sem luz, ainda em consequência de um apagão ocorrido há três dias.
O que mais impressiona este editor, que é um idoso e já viu muita água passar por baixo da ponte, é que as autoridades brasileiras do setor elétrico não fazem absolutamente nada. São uns bananas, com todo respeito a Suas Excelências.
No caso da Enel, é uma decisão do Palácio do Planalto. Ninguém faz nada para não assustar a Sra. Meloni, primeira-ministra da Itália e entusiasta herdeira de Benito Mussolini, pois o Brasil precisa do apoio dela para aprovar o acordo do Mercosul. Então, fica essa porcaria de serviço de distribuição em São Paulo, onde a Enel manda e não pede.
A Aneel, que se gaba de ser Estado e não Governo e que por essa única razão deveria se lixar para o que pensa a Sra. Meloni e o presidente Lula, se borra de medo de estar no meio dessa confusão diplomática. Apenas acompanha o Ministério de Minas e Energia e também não faz nada e deixa a água correr, como se não tivesse responsabilidade.
Se a Aneel quer saber porque os consumidores brasileiros de energia elétrica não confiam nela, é por isso, Aneel. Apenas faça a sua parte e não se esconda atrás das filigranas do Governo, pois a agência não é Governo e, sim, Estado. É o Poder do Estado.
Embora em menor escala, o que acontece em Brasília é a mesma coisa.
É isso, amigos, viva a privatização, mas abaixo a picaretagem na distribuição de energia elétrica no Brasil. É bom lembrar que nem todas as distribuidoras são como a Enel SP ou a Neoenergia Brasília e muitas têm mais respeito pelos consumidores.