Primeiras decisões do Trump 2 impactam a energia e o clima
Empossado há apenas dois dias, ainda é obviamente prematuro avaliar o segundo Governo do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos. Entretanto, é válido comentar alguma coisa em relação ao que já foi oficializado.
As primeiras decisões de Trump nas áreas de energia e do clima não são animadoras e lançam uma nuvem de desconfiança quanto ao papel que será desempenhado pelos americanos nas duas áreas.
Antes que alguém diga qualquer coisa, o “Paranoá Energia” não é um site de política internacional ou de meio ambiente. Mas como as decisões do homem público mais importante do mundo se relacionam com a energia e há uma correlação imediata com o meio ambiente, não há como ficar de fora dessa discussão.
Até porque, como se viu no noticiário sobre a posse do Trump 2, houve uma revoada de políticos brasileiros a Washington, para prestigiar o início da segunda gestão de Donald Trump. E inclusive houve até um ex-presidente brasileiro que não viajou e chorou, porque a Justiça não permitiu que ele recebesse o passaporte.
O que vem por aí é o mais autêntico Trump mostrando o seu absoluto desprezo pelos cuidados que alguns tentam ter, no Planeta, para proteger as futuras gerações.
Imediatamente, o novo presidente dos Estados Unidos retirou o seu País do Acordo de Paris, ou seja, sinalizou que os americanos estão fora de qualquer política internacional compartilhada de controle do aquecimento global e de combate às mudanças climáticas.
Por coincidência, a decisão de Trump foi anunciada logo após o mundo tomar conhecimento que 2024 se transformou no ano mais quente da história, em que a temperatura média da Terra ultrapassou o 1,6°C acima do período pré-industrial.
Este editor não é um ogro, como Trump e seus seguidores, que não pensam no dia de amanhã. Preocupa-se, sim, com as condições de sobrevivência que terão suas filhas e seu neto. Nesse contexto, é preciso dizer, sim, que a decisão de Trump é a pior possível.
Casadas com a saída do Acordo de Paris, o presidente também oficializou decisões que visam impulsionar os combustíveis fósseis altamente poluentes e acabar com incentivos para fontes renováveis. Também decidiu incentivar a exploração de novas áreas de petróleo e gás natural nos Estados Unidos, inclusive em regiões que eram protegidas como santuários ecológicos.
“Drill, Baby, Drill” (“Perfure, Querida, Perfure”) é o novo discurso de Trump, ou seja, prometendo que agora não há mais limites instiutucionais à exploração dos combustíveis fósseis no território americano.
É difícil dizer onde vai parar tudo isso. Ninguém tem bola de cristal para adivinhar. Mas é possível talvez imaginar que pode dar uma bela confusão. Não apenas porque Trump está viajando na contramão do mundo, inclusive contrariamente aos interesses de muitos dos tradicionais aliados americanos.
É verdade que pessoas que pensam como Donald Trump estão em alta na política de vários países, na só na América Latina, mas, também, na Europa. Contudo, também é verdade que a sociedade americana está profundamente dividida, a despeito da enorme vitória do Partido Republicano nas últimas eleições. Tudo isso pode ter consequências ainda impossíveis de serem desenhadas.
O fato é que, seja o que vem pela frente, atingirá o Brasil inevitavelmente. Então, é preciso manter a serenidade, acompanhar os fatos e fazer as avaliações corretas, para não ficarmos a reboque e sermos surpreendidos pelos novos acontecimentos.