Eleição na Abraceel entra na reta final
Tem muita gente intrigada querendo entender os movimentos dos atuais conselheiros da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) em relação à eleição marcada para 08 de março próximo. Faltando apenas 17 dias úteis para a escolha dos novos conselheiros, prazo que ainda se reduz na prática devido aos dias reservados para o Carnaval, até agora apenas um conselheiro oficialmente registrou interesse em renovar o mandato.
Quem acompanha os assuntos da associação entende que o significado disso pode ser exatamente igual a zero, pois os atuais conselheiros estariam efetivamente trabalhando nas respectivas campanhas e nesse raciocínio deverão se inscrever como candidatos dentro do prazo previsto no Estatuto Social, que é o dia 06 de março.
Mas existem aqueles que enxergam nessa demora para se registrar uma espécie de dúvida por parte dos conselheiros, que temem o desgaste de participar da eleição e depois não ter o mandato renovado. Existe uma bolsa informal entre comercializadores, dando conta que a chance de renovação no Conselho é muito alta e varia de três a seis integrantes. Tudo é especulação, naturalmente, mas pelo menos revela insatisfação com alguma coisa ou com o desempenho de pessoas.
Uma das questões que sempre é comentada informalmente é a tremenda pisada na bola que a Abraceel deu no ano passado, quando denunciou uma empresa associada (Cemig) à Aneel, por conduta irregular de mercado, e depois, diante de ameaça de um processo por parte da geradora mineira, teve que retirar a denúncia e se desculpar publicamente, causando enorme prejuízo à imagem institucional da associação. Tem muita gente que até hoje não perdoa os conselheiros que apoiaram a infeliz iniciativa de abrir denúncia na Aneel contra a Cemig.
Outro tema mais recente que também dividiu as opiniões dentro da associação foi a questão da republicação ou não do PLD. É verdade que a maioria dos associados, numa consulta interna, não apoiou a abertura de uma ação judicial contra a Aneel, que determinou a republicação. Só que o Estatuto Social atribui a responsabilidade de abrir ações judiciais ao Conselho de Administração. Este, no entanto, preferiu transferir a decisão às empresas associadas através da consulta interna, iniciativa vista como democrática, por uns, e omissa, por outros. E houve uma forte rejeição no ambiente dos comercializadores ao posicionamento de um conselheiro, do qual se esperava um voto na consulta pública favorável ou não à ação judicial da republicação, mas ele preferiu tucanar e ninguém entendeu nada.
Tudo isso é normal em um ambiente de eleição, adicionando-se ainda o fato que alguns conselheiros já exercem a função há muitos anos e isso acaba gerando um desgaste natural e leva os eleitores a pensar na necessidade de um rodízio.
Chama a atenção, porém, a relação dos oito candidatos inscritos até agora para a eleição na Abraceel. Todos são de grandes empresas operadoras do mercado livre e considerados com chances elevadas de se eleger. O que mostra: 1. a associação dos comercializadores tem muita vitalidade e o seu processo eleitoral desperta a atenção dos associados, que dele participam ativamente; 2. é uma associação que não tem dono e quem pretende mandar tem que disputar no voto, de forma democrática.
A governança da Abraceel é emblemática para toda a área empresarial, não apenas para o mercado livre. Afinal, fala-se tanto em democracia, mas são poucos os segmentos empresariais que a praticam da forma como ocorre na organização que reúne que os comercializadores de energia elétrica. Democracia não faz mal a ninguém e mais uma vez a Abraceel está comprovando que isso é uma verdade absoluta.