Fracking ameaça bacia leiteira do PR
Da Redação, de Brasília (Com apoio da Coesus e 350.org) —
Com uma produção anual de 1 bilhão de litros de leite, a região Sudoeste do Paraná é a primeira bacia leiteira do estado, sendo o segundo polo produtor do país. Neste cenário de alta performance econômica, que envolve em sua grande maioria pequenas propriedades rurais, explorar o gás de xisto pelo método não convencional chamado fraturamento hidráulico, ou fracking, é uma temeridade, para não dizer uma irresponsabilidade.
A afirmação foi feita por Juliano Bueno de Araujo, coordenador e Campanhas Climáticas da 350.org e coordenador nacional da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (Coesus), que esteve nesta terça-feira, 14 de fevereiro, em Francisco Beltrão, no Sudoeste paranaense, para debater os riscos e perigos do fracking.
O dirigente da Coesus explicou que a tecnologia usada para extrair do subsolo o metano do folhelho pirobetuminoso utiliza milhões de litros de água, toneladas de areia e um coquetel com mais de 720 produtos químicos, muitos cancerígenos e até radioativos. Onde acontece o fraturamento hidráulico, a água da superfície e subterrânea é contaminada pelo fluído tóxico e pelo gás metano, que, ao escapar para a superfície pelas fissuras provocadas pelas intensas explosões, polui o ar e causa câncer e outras graves doenças nas pessoas. Há grave comprometimento na fertilidade das mulheres, provoca abortamentos e má formação congênita. Os impactos ambientais, econômicos e sociais são permanentes e irreversíveis, já que não há meios de mitigar os danos provocados pelo fracking.
“Com fracking, a região não receberá mais licenças fitossanitárias, ficando portanto impossibilitada de comercializar sua produção já que muitos países não compram produtos onde o fraturamento hidráulico acontece exatamente por temor à contaminação tóxica”, garantiu o coordenador da Coesus. Além de aniquilar a economia da região, o fracking também provoca danos à biodiversidade e afeta diretamente as pessoas e animais, que adoecem por conta dos produtos usados no processo de fraturamento da rocha de xisto.
Após a palestra, as lideranças se comprometeram a apoiar a realização de seminários técnicos nas 42 cidades da região Sudoeste e um grande evento com a participação de todos municípios e assim consolidar a mobilização para proibir dos testes sísmicos e o fracking no Paraná.