Combustíveis fósseis, a Igreja e o espaço infinito
Este site, desde o início de suas atividades, em dezembro de 2015, tem se manifestado contra a prática da tecnologia conhecida como “fracking”, utilizada na produção de gás natural extraído em terra, pois está convencido que o uso de produtos químicos associados à água, sob forte pressão, para provocar o desmanche das rochas e extrair o gás, contamina as reservas de água que existem no subsolo.
Mas não concorda com a iniciativa tomada por ativistas da 350.org e e do movimento Coesus (uma coalizão anti-fracking, que tem forte apoio da Igreja Católica), que, nesta quinta-feira, 11 de maio, tentaram impedir, com gritos e protestos, no Rio de Janeiro, a realização da 4ª Rodada de Acumulações Marginais, na sede da Agência Nacional de Petróleo e Gás, ANP.
O leilão foi realizado, mas deixou pontos para reflexão. O choro é livre e protestar é democrático. Entretanto, a manifestação das organizações ambientalistas mostra que na realidade são situações distintas. Uma coisa é a luta contra o “fracking” e outra é contra os combustíveis fósseis em geral. As restrições ao “fracking” fazem sentido, até porque o gás pode ser extraído por meios convencionais.
Agora, achar que um país como o Brasil (ou o mundo em geral) pode conviver sem os combustíveis fósseis, aí, então, há uma distância grande da realidade. De forma gradativa, é verdade que os combustíveis fósseis perderão espaço para as energias renováveis. Já acontece, por exemplo, com o carvão. E também já ocorre no aumento significativo das energias renováveis na matriz energética. Mas é um processo, que vai demandar tempo. Não será com gritos, cartazes, apitos e a índios que esse tipo de problema será resolvido.
O site “Paranoá Energia” entende as circunstâncias em que atuam os movimentos sociais fomentados pela Igreja Católica e respeita as suas lideranças. Isso não impede, entretanto, de achar que, de vez em quando é bom descer ao planeta Terra e deixar de orbitar alguma estrela no espaço infinito. Há muitas diferenças entre o idealismo de natureza religiosa e a visão crua e realista do mundo econômico.
Não é porque alguma coisa está escrita em uma encíclica, mesmo tendo sido escrita por uma pessoa simpática como o papa Francisco, que isso se transforme “na verdade”. Pode ser um dos ângulos de se ver o mundo, mas não é essencialmente a verdade absoluta.
Para aqueles que seguem os preceitos religiosos ao pé da letra, talvez seja relevante fazer esse tipo de reflexão, pois o mundo não é integrado apenas por pessoas que seguem as orientações do Vaticano. Existem outras visões de mundo dando sopa por aí e os seguidores do papa Francisco precisam aprender a conviver com a diversidade.