Altieri tranquiliza mercado e diz que preços no MCP não são gangorra
Maurício Corrêa, de Brasília —
Após audiência pública realizada na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, 31 de maio, o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, afirmou que os preços no mercado de curto prazo não vão virar uma gangorra. Ele foi questionado a respeito da forte baixa do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) nos últimos dias, quando caiu 75% nos submercados Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte, passando de R$ 471,16/MWh para R$ 118,77/MWh, enquanto o preço no Nordeste também foi reduzido em 67% e atingiu R$ 157,33/MWh. Esse movimento deixou o mercado preocupado, pois o PLD caiu muito exatamente no período seco, quando se espera que ele suba.
Ele admitiu que essa oscilação pode confundir o mercado, mas não é motivo para deixar os operadores atônitos ou então para se levantar dúvidas a respeito do modelo computacional que gera o PLD. “Hoje, tudo é absolutamente transparente. Não tem ninguém manipulando o modelo. Vamos acompanhar os desdobramentos nos próximos dias”, disse Altieri, que justificou a baixa no PLD devido às fortes chuvas que ocorrem na região Sul do País e que foram capturadas pelo modelo. “Acredito que deveremos estabilizar em um outro patamar”, frisou.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse que acompanha a evolução dos preços, mas que não faz mais do que isso. “Temos um mantra na nossa gestão que é o seguinte: não interferimos nas regras e no mercado. Apenas acompanhamos, pois é preciso seguir a lógica do modelo. Não posso ficar marretando o modelo”, assinalou.
Conforme explicou, recentemente houve uma forte pressão para que fossem despachadas usinas térmicas fora da ordem de mérito e que o MME ficou apenas assistindo sem dar bola para o que estava sendo dito. “Tenho consciência que tudo pode ser aperfeiçoado. Uma coisa que pode melhorar é a definição do preço, pois este é o nosso maior desafio”, frisou Pedrosa.
Um especialista que trabalha no Governo comentou com este site que o choro é livre e faz parte do negócio: “Quando as operações comerciais vão bem, o bônus vai para os executivos, que são extraordinariamente competentes e têm visão de negócio melhor do que os seus concorrentes do mercado. Mas quando ocorre alguma previsão errada e a empresa perde dinheiro, aí a culpa é obviamente do modelo e não dos executivos, pois eles não assumem o ônus. Estamos acostumados com isto”.
Apesar da garantia da CCEE e do MME, o fato é que há operadores que desconfiam do modelo, não que ele esteja sendo manipulado, mas, sim, que esteja calculando preços de forma errada. Segundo um agente, “se você tem uma máquina de fazer linguiça e enfia carne de porco na máquina, sairá linguiça de porco. Mas se você enfia vegetais, sairá uma linguiça vegana”. Com essa metáfora, ele quis explicar que os dados sobre chuvas, vazões e afluências podem estar sendo fornecidos erradamente. Aí, o modelo calcula corretamente, mas em cima de dados errados, dando margem a oscilações fortes como a que ocorreu nesta última semana.